A insulina injetável é indispensável para os portadores do diabetes tipo 1
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Mariana Dantas
NE10
O Dia do Diabetes, comemorado nesta quinta-feira (14), foi criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre os perigos da doença. Em Pernambuco, além de campanhas educativas, o Governo precisa cuidar melhor das pessoas que já realizam tratamento. A insulina injetável, medicação indispensável para os portadores do diabetes tipo 1 – manifestação mais grave da doença – está em falta nas farmácias do Estado.
Dois dos cinco tipos de insulinas destinadas aos pacientes do diabetes tipo 1 estão faltando: a glagirna e a glulisina. O jornalista Ismael Holanda, 39 anos, aguarda há mais de dois meses a insulina glargina. “A quantidade de ampolas varia de acordo com a necessidade do paciente. O meu gasto mensal é de R$ 100, mas existem pessoas que precisam desembolsar até R$ 600 para ter o medicamento. Muitos não têm condições”, afirma o jornalista. Ele descobriu a doença há dois anos e meio e afirma que esta não é a primeira vez que a Secretaria de Saúde deixa de fornecer medicamentos aos diabéticos. “Também já fiquei sem fita para realizar a aferição da glicose”.
A situação da dona de casa Elisângela Pereira de Siqueira, 41, que convive há 33 anos com o diabetes, é preocupante. Sem a glagirna cedida pelo Estado, ela precisa desembolsar R$ 400 reais por mês. “Meus familiares fizeram uma cota para comprar o medicamento, que deve acabar amanhã (quinta). Não sei o que fazer”, afirma.
De acordo com a médica endocrinologista Elcy Falcão, da Associação Pernambucana do Diabético Jovem (APDJ), se a medicação for interrompida, “o paciente volta a estaca zero do tratamento. O paciente também corre o risco de entrar em coma, dependendo do caso”, disse. Ela orienta aos pacientes que estão sem a medicação a procurarem o seu médico. “Na falta real da glargina, o médico pode receitar a insulina NPH, mais barata e antiga no mercado. Porém, não possui o mesmo efeito. Ou seja, o paciente ainda será prejudicado”.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que a insulina glargina (nome comercial Lantus) já foi adquirida na quantidade de 23.016 unidades e até este fim da semana a sua distribuição deve ser regularizada. Já a entrega da insulina glulisina (nome comercial Apidra) deve ser realizada em até 15 dias. A quantidade é de 866 unidades.
Sobre os outros tipos de insulina (asparte, detemir e lispro), a SES afirmou que há estoque para recebimento dos pacientes cadastrados. Cerca de 3,5 mil pessoas recebem essas ampolas pela Farmácia de Pernambuco.
ENTENDA A DOENÇA – O diabetes é caracterizado quando a glicose está presente em grande quantidade no sangue, evidenciando uma deficiência na ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas responsável em remover o açúcar do sistema circulatório. A doença pode causar diferentes danos à saúde, como problemas na visão, circulação, rim e até mesmo no coração. Os sintomas clássicos são perda involuntária de peso, sensação de sede constante, vontade de urinar diversas vezes ao dia, cansaço e fraqueza, dificuldade de cicatrização de feridas e repetidas infecções.
Os pacientes do diabetes tipo 1 não conseguem produzir insulina porque suas células do pâncreas são destruídas. A solução é injetar insulina subcutânea (embaixo da pele) diariamente para que a glicose possa ser absorvida pelas células.
Já os portadores do tipo 2 conseguem produzir insulina, embora em quantidade insuficiente para o organismo. Esse tipo de diabetes é de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1, acometendo 10% da população, entre 30 a 69 anos. E em alguns casos recém diagnosticados, pode ser tratado (controlado) com dieta e exercícios físicos; em outros casos necessita de um tratamento mais rigoroso com medicamentos orais (hipoglicemiantes). São poucos os casos com indicação de insulina injetável.
NÚMEROS - Segundo a Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad), estima-se que, no Brasil, o diabetes acomete aproximadamente 10%, atingindo entre 9 a 10 milhões de pessoas. Porém, 50% não sabem que possuem a doença e, consequentemente, não recebe nenhum tratamento. Muitas vezes o paciente só percebe os primeiros sintomas quando o problema está em estágio avançado.