Aline Moura
Folha de Pernambuco
Os dois candidatos à presidência estadual do PT, Teresa Leitão e Bruno Ribeiro, concederam, nesta quarta-feira (13), uma entrevista ao Diario sobre os próximos desafios no Processo de Eleição Direta do PED. Teresa vai entrar com recursos em alguns municípios, porque acredita ter vencido a disputa no primeiro turno. Já Bruno Ribeiro se prepara o turno seguinte, que ocorrerá no dia 24 de novembro, e está confiante em reverter a desvantagem que teve no Recife. O resultado final do primeiro turno deu uma vantagem de 58 votos para Teresa Leitão. Ela tem o apoio do ex-prefeito João Costa e do presidente municipal do Recife, Oscar Barreto, reeleito com 64% dos votos sobre Sheila Oliveira. Bruno Ribeiro conta o reforço dos dois caciques petistas, o senador Humberto Costa e o deputado federal João Paulo.
Leia, agora, o que pensa os dois candidatos. Ambos foram avisados antecipadamente que estavam respondendo as mesmas perguntas para que os militantes do partido tivessem suas próprias conclusões. Mais da metade dos militantes aptos a votar, cerca de 27 mil, não compareceram às urnas. É um universo grande para ser conquistado.
Teresa Leitão - Consolidar o resultado do PED. Ele ainda está em aberto e temos que consolidar essa vitória. Temos que ver em cada município se tem ou não recurso para ser apresentado, conversar com todas as partes envolvidas, dar início ao diálogo, não só com o professor Edmilson Menezes, mas com todos. Após essa consulta, temos que iniciar o processo de transição, com todos, porque acredito que ganhei a eleição. Eu estou me considerando muito vitoriosa, a barra foi muito pesada. As lideranças que enfrentei têm um peso político muito forte, não é fácil confrontar com essas liderança. Eu acho e espero que essa disputa não rompa as pontes de diálogo. Temos de recompor algumas pontes de diálogo. Esse é um dos desafios.
Bruno Ribeiro - Ganhamos em todo o estado e nosso desafio é tirar a diferença que Teresa teve no Recife. Ganhamos, por exemplo, em Olinda, Paulista, Cabo, Caruaru, em Garanhuns, Serra talhada, nas principais cidades polos… Ganhamos em 96 municípios e ela em 44. Então, vamos tentar ampliar nossa votação em colégios favoráveis a nós, fazer um esforço para reduzir a abstenção. Teresa ganhou no Recife, com uma estrutura muito forte. Ela teve apoio de Oscar Barreto e de João Costa e eles fizeram uma campanha com muita estrutura.
Vocês vão entrar com recursos contra o PED?
Teresa Leitão - Do processo como um todo, não. Reconhecemos que o processo foi melhor do que se pensava em termos de organização e tranquilidade. Não tivemos nenhuma confusão, mas nós vamos recorrer de duas maneiras: hoje, vamos apresentar alguns números do nosso mapa e das nossas atas para comparar com o mapa oficial do PT. A gente só conheceu o mapa ontem e cada um tinha sua apuração paralela, pode ter havido um erro de transmissão. O segundo passo sãos recursos de alguns municípios. Se não me engano Garanhuns e Floresta estão incluídos.
Bruno Ribeiro - Não é diretriz minha, nem da coordenação da campanha sair garimpando irregulares. Eu não estou pensando em impugnação de urnas. Essas questões de interferência externa (do PSB), me reservo o direito de discutir dentro do partido, falar não contribui publicamente. Eu vou ver onde se caracterizou, onde ficou evidente e vou ver, mas não é estratégia minha sair garimpando irregulariadades, vou buscar votos. Tenho que diminuir essa diferença.
Se houver segundo turno, qual seu maior receio?
Teresa Leitão - Receio de algumas coisas, que aumente a temperatura que tivemos até agora. O indicador que temos disso é a declaração dada pelo ex-vereador Dilson Peixoto. Aquilo é uma coisa que não contribui com o partido e ele está nesse mantra e chegou no limite do imponderável, tem um repúdio da presidente Solange do que ele disse dela e tenho receio que aumente a abstenção. A abstenção não foi tão grande nesse primeiro turno. Foram mais de 22 mil pessoas votando aqui no estado e tenho medo que as pessoas se chateiem porque o resultado não foi conclusivo. Tenho medo que não seja respeitado o resultado, por parte de quem detém a maioria do controle partidário.
Bruno Ribeiro - Nenhum receio. Tenho muita confiança, estou muito entusiasmado com o apoio que a militância deu à nossa candidatura. Tenho confiança que a gente vai consolidar a vitória, melhorando o desempenho. Eu já não sou criança, já enfrentei muitas lutas com os canavieiros, em sindicais, em partidos, nem vou dizer que sou mais ou sou menos, essa campanha tornou conhecida as campanhas de cada um. Isso não é uma questão pessoal, isso é uma questão política, os militantes estão escolhendo o rumo do partido. E eu confio no que quero dar ao partido.
João da Costa, afinal, teve mais peso no Recife do que João Paulo e Humberto?
Teresa Leitão - Não sei medir os pesos, mas uma coisa as urnas disseram: a liderança de João da Costa e Oscar Barreto no Recife são incontestáveis.
Bruno Ribeiro - João da Costa… eu diria assim… diria que ele teve mais estrutura do que a nossa. Nós trabalhamos com mais dificuldade. Não é questão de prestígio de lideranças, não acredito que João Paulo e Humberto Costa tenham menos prestígio do que João da costa.
No que vocês se diferem um do outro?
Teresa Leitão - Me difiro em muitas coisas de Bruno. Embora tenhamos algumas convergências, pontos em comum, a nossa trajetória se fez em espaços diferentes. Eu me diferencio na concepção da gestão partidária. Eu me situo mais no campo da construção do consenso progressivo, não do consenso da maioria e acho que tenho mais independência partidária. Reconheço, contudo, que pensamos a concepção de sociedade de forma semelhante.
Bruno Ribeiro - Respeito muito Teresa, tenho amizade por ela e não me sinto confortável fazendo comparações. Você como jornalista pode fazer, os militantes… olhar uma proposta e outra, o conjunto de forças que nos apoiam e fazer suas escolhas. Não quero fazer um antagonismo, estou colocando meus compromissos, minhas propostas.