A Tal Constitucionalidade dos Aumentos Astronômicos

Antônio Assis
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(Foto: Reprodução/Internet)

Gilberto Prazeres
Toda vez que as diferentes Casas Legislativas do País aprovam aumentos astronômicos nos salários dos ocupantes de suas cadeiras a constitucionalidade dessas medidas aparece como o principal argumento da legitimidade desses reajustes. Principal argumento, claro, utilizado pelos próprios vereadores, deputados estaduais e federais. O último caso, a aprovação, na quinta-feira passada (11), de um aumento de 63% para a vereança de Jaboatão dos Guararapes, foi apenas mais um, onde a racionalidade, o interesse público e o equilíbrio das finanças municipais não foram levados em consideração pelos nobres membros daquele parlamento.

Os municípios alardeiam o enfrentamento de uma crise econômica que tem feito o Governo Federal priorizar o consumo, através de incentivos fiscais, deixando em segundo plano os repasses destinados ao ente federativo mais próximo da população. E o que os vereadores fazem para tentar minimizar essa situação? Aumentam o número de cadeiras disponíveis nos diferentes legislativos, aprovam reajustes dos próprios vencimentos – quase sempre acima da realidade social – e se apegam à constitucionalidade.
É constitucional, é legal? Sim, é. Mas não é moral. No ano passado, na Câmara do Recife, os vereadores aprovaram um reajuste no próprio salário de 62%. E, quando questionados sobre o assunto, muitos preferiram o silêncio. Um deles, inclusive, chegou a correr literalmente de uma equipe de reportagem para não ter que se explicar. Se é legal e constitucional, não haveria motivos para que a opinião público escute as razões dos beneficiados.
Os mesmos parlamentares demonstram uma grande preocupação com o balanço financeiro de suas respectivas prefeituras, quando, claro, a pauta apresenta o reajuste anual dos servidores municipais. Nesses casos, os cofres públicos não podem ser “sobrecarregados”. O que se aplica ao corpo do funcionalismo não seria compatível com esses representantes do povo?
Há tempos que a representação popular, que deveria ser a principal característica do mandato de vereador, vai dando lugar, com raras exceções, a uma figura que briga apenas por manter-se no cargo, eleição após eleição, e que se agarra a um corporativismo fajuto que não contribui em nada para a implementação de avanços sociais. As bases governistas recebem, por gravidade, adeptos quase sempre interessados, em sua maioria, em benefícios que só o campo da situação é capaz de permitir.
Por esse tipo de atuação, o posto (função) de vereador vai sendo cada vez mais questionado por setores da população, que promove renovações em percentuais altíssimos nas câmaras municipais, eleição pós eleição. E não poderia ser diferente.

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