O PT pernambucano está clareando aos poucos sua posição política em relação a 2018. Aliança com o PTB está descartada pelo fato de o senador Armando Monteiro ter votado favoravelmente à reforma trabalhista, que a CUT condena, e também pelo fato de estar aliado, hoje, de dois aliados do governo Temer: Mendonça Filho e Bruno Araújo. Restariam portando duas alternativas: lançar candidato próprio ao governo estadual, que seria a vereadora Marília Arraes, ou voltar aos braços do PSB para apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara. A candidatura de Marília tem viabilidade política e eleitoral. Casando o 13 dela com o 13 de Lula, que está disparado em Pernambuco como candidato a presidente, poderia ser a surpresa da eleição. Mas ela enfrenta a má vontade do senador Humberto Costa, que estaria interessado na volta do PT à Frente Popular para tentar garantir sua reeleição ao Senado. Havendo esse retorno, no entanto, que seria o desejo do ex-presidente, ele não sairá barato para nenhuma das partes. O PT terá que se explicar aos eleitores porque chamava o PSB de “golpista”, e o PSB teria também que dar explicações por ter-se aliado a um partido com o qual rompeu politicamente em 2013.
Uma variável que não se previa
O PSB está de posse de pesquisas para consumo interno mostrando a força política de Marília Arraes no interior de Pernambuco. Ela tem quatro variáveis em seu favor: é mulher, faz bom mandato na Câmara do Recife, é neta de Arraes e prima de Eduardo Campos. Apesar disto, o PT resiste à candidatura dela com medo de não ter com quem se aliar.
Tática 1 > Setores do PT admitem procurar Lula para ver se o ex-presidente concordaria repetir em Pernambuco a mesma tática de 2006: dois palanques (Paulo Câmara e Marília Arraes).
Tática 2 > Naquele ano, Lula disse em Petrolina, ao lado de Humberto Costa (PT) e Eduardo Campos (PSB): “Quem não quiser votar num (Humberto), pode muito bem votar no outro (Eduardo)”. Mas isso só não daria certo em 2018 porque Paulo é governo e Marília, oposição.
Defesa > O senador Fernando Bezerra (PMDB) continua acreditando que a denúncia do MPF contra ele será arquivada pelo STF porque tem provas de como não integrou o comitê financeiro de Eduardo Campos em 2010. A votação está 2 x 2. E o voto do ministro Lewandowsky seria em seu favor.
O bote > Sebastião Oliveira já foi advertido de que se não tiver cuidado pode perder o controle do PR de Pernambuco para o ministro Fernando Filho (ex-PSB), que o levaria para o palanque do pai nas eleições do próximo ano. Foi exatamente em silêncio que o senador FBC se articulou com Romero Jucá para afastar Jarbas Vasconcelos do comando do PMDB regional.
Só sonho > O PSB nacional alimenta o sonho de ver o vice-governador de SP, Márcio França, apoiado pelo PSDB em 2018 à sucessão do governador Geraldo Alckmin. Mas é improvável que FHC, Serra, Doria, Aloysio Nunes, José Aníbal, Alberto Goldman e outros tucanos de bico grosso concordem em apoiar um candidato fora do partido.