O cisne ruivo - Gustavo Krause

Antônio Assis
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Blog do Noblat

Donald Trump é um cisne ruivo. E o que vem a ser um cisne ruivo? Durante muito tempo, prevaleceu a crença de que somente existiam cisnes brancos. Descoberta a Austrália, foi identificado o Cisne Negro, uma exceção completamente desconhecida pelos estudiosos da fauna universal.

Nassim Nicholas Taleb, libanês, consagrado matemático, professor, escritor, presidente da Empirica, empresa de investimentos, com atuação em grandes instituições de ensino e pesquisa no campo da teoria da decisão, probabilidade e cálculo de risco, usou o improvável Cisne Negro como metáfora para o título de uma obra notável “A lógica do Cisne Negro: o impacto do altamente improvável” (Rio de Janeiro: Best Seller, 2015. 9º Edição, adobe digital editions).

Para o autor, o Cisne Negro é um evento raro, inesperado, improvável; produz grande impacto; uma vez ocorrido, busca-se explicação para torná-lo menos aleatório e mais previsível. Taleb define a própria obra como um livro sobre a incerteza e quem procurar respostas prontas e definitivas na leitura de texto denso e, agradavelmente, desafiador vai se defrontar com um fascinante pensador que se autodenomina “um cético empírico”.

Em contato com a história, diz ele, a mente humana sofre de três males que a torna autossuficiente, diante da aleatoriedade: a ilusão da compreensão (não permite enxergar as dobras dos fatos); a distorção retrospectiva (ler os fatos pelo retrovisor); a supervalorização de categorias abstratas e simplificadoras da complexidade factual. Feitas as observações, é possível identificar, como Cisne Negro, a Primeira Guerra Mundial, o ataque terrorista às torres gêmeas e a revolução da internet (o Cisne Negro pode não ser instantâneo, negativo e estar presente, como esteve, em grandes descobertas científicas).

Curiosamente, o autor ganhou dinheiro no contrapé do mercado financeiro. O suficiente para se dedicar à voracidade da leitura e aos encantos do pensar. Não propõe fórmulas mágicas. Tudo indica que não tem amor nem aversão aos riscos, evita, apenas, “atravessar a rua de olhos vendados”. (Do mesmo autor: “Antifrágil”).

O que já foi dito, insuficiente para explorar a beleza do livro e ratificada no capitulo dos agradecimentos, leva a concluir que Trump é um Cisne Ruivo pelas seguintes razões: fato inesperado; grandes e inesgotáveis consequências; “explicações” posteriores.

E mais: com uma característica genética – o rutilismo – responsável pelos cabelos ruivos de 2% da população humana, de 10 a 13% na Escócia, pátria de Mary Anne MacLeod, imigrante que pariu o xenófobo Trump.

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