Ônibus mudam itinerários por conta do descaso

Antônio Assis
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Luiz Filipe Freire
Folha-PE

Imagine a facilidade de ter ônibus para destinos variados passando na porta de casa. Agora pense como se­­­ria perder isso por conta de um problema para o qual você já se cansou de pedir so­­lução. É assim que alguns usuários do sistema de transporte público da Região Metropolitana (RMR) vêm se sentindo. Eles vivem em lugares em que li­­­xo, esgoto e bu­­­racos no meio da rua chegaram a um ponto tão crítico que os co­letivos não con­­­seguem mais passar. Com tanto descaso, sobra para as per­­nas - inclusive de idosos e pessoas com dificuldade de lo­­­­­comoção - ven­­cer longas dis­­tâncias em busca da condução.

Em Sítio Novo, Olinda, a má conservação nas vias de aces­­­so anuncia o que pode ser acha­­­do em outras partes do bair­­ro e perto dali, em Peixinhos. Mas nada se compara à rua Benjamin Constant. Uma montanha de galhos e entulhos na pista afasta qualquer possibilidade de atendimento do transporte há qua­­tro me­­­ses. Embaixo do lixo, muitos buracos. Em muros próximos, frases como “Cadê o asfalto?” e “Novo lixão de Olinda” foram pichadas. Água suja também escorre em abundância. “Nu­­­ma rua que ti­­­nha cinco linhas, é absurdo a gen­­­­­te ficar sem transporte. É a terceira vez que ocorre is­­­so”, lamenta o pintor Israel Oli­­­veira, 65.

Por lá, além das linhas origi­­na­­das na localidade, passavam veículos com destino a outros bairros da cidade e ao Centro do Recife. Também havia liga­­­ção com o Terminal de Joana Bezerra e com o metrô. Agora, para ter acesso a ônibus, só caminhando meio quilômetro.

“Quem sai do tra­­­balho ou da faculdade à noite tem que descer longe e andar tudo is­­­so. O me­­­do de assalto é real”, diz o aposentado Lu­­ís Fran­­­­­cisco do Carmo, 65. “Minha mãe é idosa, tem 84 anos. Sair de ônibus com ela, nessa distância, nem pensar”, completa a moradora Gilvanice Costa, 57.

Água empoçada
Em Jardim Brasil, também em Olinda, é água empoçada que tira o so­­­no da população. A inundação que nunca cessa ocupa várias vias. Transporte coletivo, an­­­tes na porta de ca­­­sa, virou sinônimo de dificuldade. “Os motoristas se recusam a passar com os ônibus por es­­sa água. Qualquer avaria, eles que arcam”, afirma o aposen­­tado Ed­­­milson Cu­­­nha, 81. 
O problema é maior na rua Recife. Desde março, o itinerário foi suspenso na via alagada. Até onde os coletivos fo­­­ram manti­­dos, são 750 metros de cami­­­nhada. “As paradas só ser­­vem de ‘enfeite’. É caminhar mais de uma légua atrás de transporte”, lamenta a professora Francisca Leite, 65.

Soluções
Drama parecido já viveram moradores do bairro da Mangueira, no Recife. Em março, ônibus deixaram de ir até a estação de metrô por conta do “campo minado” que virou a rua Bom Jardim. Transporte co­­­letivo, só 700 metros adiante. As crateras foram tapadas semanas depois. A população também respira aliviada em Ouro Preto, Olinda. A linha 916, que liga o bairro à Joa­­­na Bezerra, na Capital, tinha o nome Cohab só no le­­­treiro. O atendimento à comunidade não vinha ocorrendo devido às más condições da rua São Lourenço. Um paliativo foi fei­­­to, e a situação, normalizada.
A Prefeitura de Olinda infor­­­mou que fará manutenção na rua Benjamin Constant na pró­­­xima semana, “quando se­­­rão realiza­­­dos serviços de limpeza, drenagem e tapa-buracos”. Já sobre a rua Recife, em Jardim Brasil, será agendada, até o fim do mês, a limpeza das galerias “para minimizar os problemas de alagamento”.

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