Luiz Filipe Freire
Folha-PE
Imagine a facilidade de ter ônibus para destinos variados passando na porta de casa. Agora pense como seria perder isso por conta de um problema para o qual você já se cansou de pedir solução. É assim que alguns usuários do sistema de transporte público da Região Metropolitana (RMR) vêm se sentindo. Eles vivem em lugares em que lixo, esgoto e buracos no meio da rua chegaram a um ponto tão crítico que os coletivos não conseguem mais passar. Com tanto descaso, sobra para as pernas - inclusive de idosos e pessoas com dificuldade de locomoção - vencer longas distâncias em busca da condução.

Por lá, além das linhas originadas na localidade, passavam veículos com destino a outros bairros da cidade e ao Centro do Recife. Também havia ligação com o Terminal de Joana Bezerra e com o metrô. Agora, para ter acesso a ônibus, só caminhando meio quilômetro.
“Quem sai do trabalho ou da faculdade à noite tem que descer longe e andar tudo isso. O medo de assalto é real”, diz o aposentado Luís Francisco do Carmo, 65. “Minha mãe é idosa, tem 84 anos. Sair de ônibus com ela, nessa distância, nem pensar”, completa a moradora Gilvanice Costa, 57.
Água empoçada
Em Jardim Brasil, também em Olinda, é água empoçada que tira o sono da população. A inundação que nunca cessa ocupa várias vias. Transporte coletivo, antes na porta de casa, virou sinônimo de dificuldade. “Os motoristas se recusam a passar com os ônibus por essa água. Qualquer avaria, eles que arcam”, afirma o aposentado Edmilson Cunha, 81.
O problema é maior na rua Recife. Desde março, o itinerário foi suspenso na via alagada. Até onde os coletivos foram mantidos, são 750 metros de caminhada. “As paradas só servem de ‘enfeite’. É caminhar mais de uma légua atrás de transporte”, lamenta a professora Francisca Leite, 65.
Soluções
Drama parecido já viveram moradores do bairro da Mangueira, no Recife. Em março, ônibus deixaram de ir até a estação de metrô por conta do “campo minado” que virou a rua Bom Jardim. Transporte coletivo, só 700 metros adiante. As crateras foram tapadas semanas depois. A população também respira aliviada em Ouro Preto, Olinda. A linha 916, que liga o bairro à Joana Bezerra, na Capital, tinha o nome Cohab só no letreiro. O atendimento à comunidade não vinha ocorrendo devido às más condições da rua São Lourenço. Um paliativo foi feito, e a situação, normalizada.
A Prefeitura de Olinda informou que fará manutenção na rua Benjamin Constant na próxima semana, “quando serão realizados serviços de limpeza, drenagem e tapa-buracos”. Já sobre a rua Recife, em Jardim Brasil, será agendada, até o fim do mês, a limpeza das galerias “para minimizar os problemas de alagamento”.