O governo que perde ganhando

Antônio Assis
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Carlos Brickmann
Na gelada Grã-Bretanha, a primeira-ministra Margaret Thatcher enfrentou greve de um ano dos poderosos mineiros de carvão. Exigiu a volta incondicional dos mineiros ao trabalho. O custo do aquecimento doméstico, com carvão importado, se multiplicou, sua popularidade caiu; mas ela venceu. Faz pouco mais de 30 anos, mas até hoje está claro que quem dirige o país é o Governo democraticamente eleito, não a estrutura sindical, às vezes interessada apenas em se reeleger - e o país que se dane.
Em Israel, na guerra pela independência, o oposicionista Menahen Begin, líder da poderosa milícia Irgun, encheu um barco, o Altalena, com mil imigrantes e muitas, muitas armas, para entrar na luta por Jerusalém. O primeiro-ministro Ben Gurion exigiu que Begin incorporasse suas tropas voluntárias e suas armas às forças regulares do país. Begin não cedeu. Ben Gurion mandou afundar o Altalena. Mais de cem pessoas morreram. Ben Gurion marcou a sofrida vitória com uma frase: "Um Estado não sobrevive sem que seu exército seja controlado pelo próprio Estado",

No Brasil, depois da vitória do impeachment, o presidente Michel Temer já cansou de voltar atrás em suas decisões. Fala em economizar e aumenta em R$ 59 bilhões a folha de pagamentos -um terço do déficit do orçamento. E corre o risco de ter Dilma de volta no lugar que ele ocupa. Afinal, desfritar um ovo pode ser uma bela mágica, mas não é política.

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