Folha de S.Paulo – Thais Bilenki
As turbulências do governo interino de Michel Temer (PMDB) enfraqueceram o apoio de senadores ao impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
No atual cenário, considerado imprevisível pelos congressistas, cresce a expectativa por novas eleições, e um eventual aceno de Dilma pela convocação de novo pleito ajudaria indecisos a optarem por garantir o seu mandato.
"A volta dela assusta todo mundo, pela inconsequência, pela irresponsabilidade", observou Cristovam Buarque (PPS-DF), que aprovou a abertura do processo e ainda não declarou posição final.
"E se ela propuser eleição direta, o que já devia ter feito uma ano atrás? E se ela acenar para a oposição? O jogo não está decidido, não."

Em 21 dias, dois ministros caíram, houve uma avalanche de críticas pela falta de diversidade no alto escalão, além de desmentidos que Temer foi forçado a fazer.
Mesmo aqueles que se mantêm pela saída de Dilma admitem dificuldades, dada a margem apertada no Senado.
O processo de impeachment foi aberto com 55 votos favoráveis, 22 contrários, três ausências e uma abstenção. Para que seja aprovada a cassação de Dilma, serão necessários 54 votos.
O senador Alvaro Dias (PV-PR), que mantém o voto a favor da saída de Dilma, reconhece que "as turbulências [no governo Temer] vão provocando temeridade".
"Estamos em cima do fio da navalha", afirmou Lasier Martins (PDT-RS). "A inclinação é mínima de um lado ao outro, vai se decidir com uma diferença de dois votos."
Martins defende a cassação da chapa de Dilma e Temer para a convocação de nova eleição. "Agora, quando vejo o ministro Gilmar Mendes [presidente do Tribunal Superior Eleitoral] visitar Temer no sábado (28) à noite, eu fico desconfiado. Que confiança a gente vai ter de que haja andamento de um processo criminal eleitoral?"