Folha de São Paulo
A Polícia Federal abriu nesta sexta-feira (26) um inquérito para apurar declarações de Mirian Dutra, que foi amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A PF investigará se houve crime de evasão de divisas.
A jornalista disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o ex-presidente custeou parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, por meio da Brasif, empresa que administrava free shops em aeroportos brasileiros. Ela contou que foi contratada pela Eurotrade, que era da Brasif, por US$ 3.000 mensais, entre 2002 e 2006, mas que nunca trabalhou para os free shops.
Polimídia

Relacionamento
Mirian e o ex-presidente tiveram relacionamento extraconjugal por seis anos, nas décadas de 1980 e 1990. FHC reconheceu a paternidade de Tomás Dutra em 2009. Na época, declarou à Folha de S.Paulo que sempre cuidou dele. Em 2011, dois exames de DNA revelaram que FHC não é o pai biológico do rapaz.
FHC, no entanto, seguiu pagando os estudos dele e o presenteou com um apartamento de 200 mil euros em Barcelona. Depois de um estudo preliminar, a PF verificou que crimes possam ter sido cometidos na transferência de dinheiro a ela. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que análises do tipo são comuns na área técnica do ministério sempre que denúncias são publicadas pela imprensa.
"Invenção"
FHC classificou como "invenção" e "coisas menores" as denúncias de ele que teria usado a Brasif para enviar ao exterior dinheiro para a Mirian Dutra. "Não tem fato. O que foi que eu fiz de errado? Nada. Vocês estão insistindo em um tema que não existe", disse. "É invenção, não sei de quem. São coisas menores. Estou preocupado com o Brasil." A Brasif diz ter usado uma subsidiária no Reino Unido, a Eurotrade, para fazer os pagamentos à jornalista. De acordo com comunicado da empresa, FHC "não teve qualquer participação nessa contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif".