Terminais de ônibus sofrem com falta de manutenção

Antônio Assis
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Marcílio albuquerque
Folha-PE

O sucateamento dos terminais de ônibus situados nos subúrbios é motivo de revolta para quem utiliza o transporte público diariamente. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, quase a totalidade dos 69 existentes na Região Metropolitana estão em péssimas condições. A Folha visitou cinco equipamentos nas zonas Norte e Sul do Recife, encontrando condições precárias para usuários e trabalhadores. As falhas envolvem falta de água e sanitários, fiação exposta, ausência de proteção contra o sol ou chuva e, ainda, veículos estacionados sobre as calçadas ou no meio da rua. Apesar da promessa de R$ 2 milhões em investimentos, o Grande Recife Consórcio não tem prazo definido para soluções.

Com mais de 30 anos atuando no segmento, o fiscal Antônio Mateus, 58, chega cedo à plataforma na avenida Otacílio de Azevedo, em Nova Descoberta. O ponto de apoio não tem iluminação, conta com apenas um metro quadrado e ainda divide espaço com um mictório improvisado. “Nossa situação é vergonhosa”, desabafou, destacando o odor ruim. O abrigo também não dispõe de bancos, mesas ou ventilação. Nos intervalos, o jeito é recorrer ao interior dos veículos. A história se repete ao subir a ladeira do Alto do Eucalipto, onde moradores disputam lugar com ônibus estacionados na via pública. “Não tem onde manobrar. Às vezes, tenho que seguir em marcha ré”, diz o motorista Alexandre Teodósio, 36.

Clemilson Campos/Folha de Pernambuco
Lixo e falta de estacionamento também são problemas

No Vasco da Gama, o terminal deixou de atender aos usuários. A construção foi tomada pelos tabuleiros da feira e se tornou refúgio de mototaxistas. Já no espaço da UR-02, no Ibura, até mesmo o fornecimento de água foi cortado. Funcionários montam uma mesa do lado de fora para fazer as refeições. “Somos obrigadas a bater na porta dos vizinhos para pedir favores, como guardar materiais ou tomar um banho”, diz a cobradora Edna Belo, 42. A aposentada Maria Elias, 70, reforça o quadro deficitário. “Não faltam lixo e entulhos. Os coletivos atrasam e temos que apanhá-los entre os carros”, denunciou. Para a dona de casa Vilma Rodrigues, 51, a situação é preocupante. “Já houve acidentes, inclusive com crianças”, revelou.

“Temos feito constantes denúncias aos órgãos fiscalizadores e nada foi feito. É uma queda de braço sobre responsabilidades”, apontou Genildo Pereira, que integra a diretoria do Sindicato dos Rodoviários. Conforme a Urbana-PE, que representa as empresas de ônibus, a manutenção é feita com frequência. “Temos um cronograma que inclui varrição, limpeza de banheiros, pintura e pequenos reparos. Mas não podemos construir novos prédios. Isso cabe ao órgão gestor”, ressaltou o representante Antero Parahyba. Já o Grande Recife Consórcio esclareceu que 29 miniterminais já foram reformados, sem detalhar locais ou investimentos, e que, ainda este ano, deve ser lançada uma licitação para a retomada dos serviços.

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