Alice de Souza
Diário de Pernambuco
Marcondes Almeida, 56 anos, nunca gostou de andar em transportes coletivos. Até para ir à padaria, na esquina de casa, preferia o carro . Uma temporada de dois anos em Londres, na Inglaterra, fez o teólogo rever o conceito sobre os serviços públicos de deslocamento. Desde que retornou ao Brasil, é de ônibus que Marcondes percorre a cidade. A vontade de replicar a própria história entre outros recifenses é tanta que, desde maio, ele assumiu a missão de promover a cordialidade e o respeito dentro dos coletivos.

“Percebi como podia ser legal andar de ônibus, entre outras questões, pela diversidade de pessoas que você encontra. Então, resolvi ajudar a melhorar o sistema daqui”, conta Marcondes, que chegou a ganhar 30kg durante cinco anos em que se deslocou apenas de carro. Por dia, ele visita uma média de 20 coletivos, acompanhado de outro colega. Além de dar dicas, convida os passageiros a também fiscalizarem. “As pessoas nunca cedem lugar para os idosos. Acho que conscientizar é importante.
Muitas vezes a gente tem receio de falar e acaba ficando em pé”, Marilena Sales, 71 anos, aposentada.
O ofício de Marcondes é trabalhar, como uma formiguinha, para conscientizar cada usuário dos coletivos que cruzam os 12 principais corredores viários do Grande Recife. O projeto Fiscais da Cidadania, assunto da oitava reportagem da campanha Sou do bem no trânsito, que será publicada no Diario até o próximo dia 25, é uma iniciativa do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE).
Por dia, o Grande Recife Consórcio de Transporte recebe 39 reclamações. Neste ano, 573 foram relativas à falta de civilidade de passageiros, motoristas e cobradores. Visando uma relação mais cordial entre eles, as 13 empresas operadoras do sistema se reuniram para criar o programa de fiscais cidadãos. “Entendemos a necessidade de humanizar o serviço e a importância do usuário para melhorar o sistema”, pontuou o consultor do Urbana-PE, Bernardo Braga.
“No começo houve resistência. Hoje, as pessoas agradecem”, comentou a fiscal da cidadania Bruna Silva, 25.