Especialistas alertam sobre o debate eleitoral na discussão da maioridade

Antônio Assis
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Juliano Domingues e Luiz Carlos Júnior debateram sobre o tema na Rádio Folha (Foto: Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco)

Blog da Folha

Para Domingues, a discussão da maioridade, no final das contas, cai “num certo vazio”. “Essa punição tende a ser seletiva, como é a aplicação das regras no Brasil. Determinados grupos sociais serão mais punidos do que outros. Não vai servir para todos, cria-se outro problema”, relatou o analista.A discussão sobre a redução da maioridade penal, que será votada ainda este mês na Câmara dos Deputados, está provocando o embate entre governistas, que são contra a medida, e aliados do presidente da Casa, o deputado Eduardo Cunha (PMDB). O peemedebista é a favor da proposta. Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, nesta sexta-feira (5), o cientista político Juliano Domingues e o sociólogo Luiz Carlos Júnior relataram que a medida punirá apenas os grupos menos favorecidos economicamente na sociedade e, ainda, que os políticos se envolvem no debate por questões eleitorais.

Para Luiz Carlos, a discussão sobre a maioridade penal tem que ser também colocado na perspectiva histórica.

“Essa questão (da maioridade penal) tende a focar numa população especifica: negra, pobre e masculina no Brasil que historicamente vem sendo eliminada, vem sendo alvo de intolerância política e de violência. Um processo histórico de exclusão da população e objeto de uma violência generalizada nos grandes centros”, declarou.

Na opinião de Domingues, no debate sobre a maioridade penal, os parlamentares se guiam pela emoção e não racionalmente. “É uma discussão que tem um apelo popular muito grande, e ela seduz aquele parlamentar com interesses eleitorais. Por exemplo, diante de uma pesquisa de opinião pública, 90% do seu eleitorado é a favor da diminuição da maioridade penal, isso gera um incentivo par aquele o parlamentar se coloque a favor da redução da maioridade penal tendo como horizonte as próximas eleições”, disse.

De acordo com Luiz Carlos, a discussão não pode deixar de ser política, mas não no com interesses eleitoreiros.

“O grande problema da nossa cultura politica é porque ela é sequestrada. Ela é sequestrada por interesses privados, éticos, comerciais, etc. Um dos problemas da nossa cultura política é não se firmar como política com “P” maiúsculo”, concluiu.

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