Radares que são o pesadelo dos motoristas

Antônio Assis
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Campeão absoluto: equipamento em Areias é o mais punitivo da cidade, com média de nove multas por hora. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Larissa Rodrigues
Diário de Pernambuco

Se você costuma trafegar pela Avenida Recife, fique atento, pois a via liderou o ranking de multas aplicadas por radares do último levantamento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Os dados são do mês de fevereiro deste ano. O equipamento situado no sentido BR-101 registrou 3,9 mil multas em um mês. O segundo lugar ficou com o radar do sentido contrário, com duas mil multas.

Capazes de identificar excesso de velocidade, parada sobre faixa de pedestre e avanço do sinal vermelho, os aparelhos foram instalados em 29 de dezembro do ano passado, na via que recebe 60 mil veículos por dia. Eles fazem parte de uma rede de 51 equipamentos, que será reforçada por mais 39 neste ano.

Essas máquinas, que às vezes nem são percebidas, também são o pesadelo dos motoristas da Avenida Domingos Ferreira, uma das mais movimentadas em Boa Viagem, com 28 mil veículos/dia. Em fevereiro, o radar instalado na frente do supermercado Extra aplicou mil multas.
Mas se nessas vias quase sete mil condutores foram punidos, há também aquelas onde quase ninguém foi pego cometendo deslize. As três avenidas onde os radares menos detectaram infrações somaram juntas menos de 100 multas em fevereiro deste ano. Entre elas está a Agamenon Magalhães, principal perimetral da Região Metropolitana, onde passam 89 mil veículos por dia. O radar nº 69, no sentido Olinda, na Ilha do Leite, registrou apenas 19 multas.

Menos multas ainda foram aplicadas na Avenida Doutor José Rufino, Estância. Foram 14 ao todo. Procurada por motoristas que saem da capital em direção à BR 232, a Abdias de Carvalho, na altura do Bongi, ficou em terceiro na lista das vias menos “punitivas”, com 39 multas, mesmo recebendo 52 mil veículos/dia.

Para o gestor de fiscalização eletrônica da CTTU, Marcos Araújo, a Avenida Recife, tem uma característica peculiar: “Quando o motorista vem da BR-101 está com a mesma ‘disposição’ da estrada. Por isso leva multa”, afirmou. A Agamenon registrou menos infrações, segundo Araújo, porque os motoristas estão acostumados à fiscalização. “As pessoas já sabem que é um local visado, fazendo com que andem com cuidado.”

O consultor em trânsito Carlos Guido Azevedo acredita no uso do radar como elemento inibidor, mas defende melhor sinalização. “O objetivo não é a multa, mas reduzir a velocidade e produzir um trânsito mais humano. Alguns radares estão penalizando em excesso, provavelmente por má sinalização”, ressaltou.

A artista plástica Maria Tereza Marques, 59, foi multada após passar a 48 km/h por um radar próximo à Reserva do Paiva, com máxima de 40 km/h. “Geralmente 60 km/h é tão normal que não imaginei que poderia ser multada. A placa também é muito pequena e localizada antes do posto de pedágio”, reclamou.

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