Conheça o jovem de 18 anos que arriscou a vida para ajudar vítimas de incêndio

Antônio Assis
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Claudionor Bernone da Silva Filho, foi um dos voluntários que ajudaram a combater as chamas do incendio da Comunidade do Plástico. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Wagner Oliveira
Diário de Pernambuco

“Eu faria tudo de novo. A vida das pessoas estava em risco.” Após ver a fumaça que tomava conta do céu em Campo Grande na manhã da segunda-feira, Claudionor Bernone da Silva Filho, 18, pensou se tratar de um protesto. Em poucos minutos, veio a notícia de que o fogo consumia os 200 barracos da Favela do Plástico, a cinco minutos da sua casa. Claudionor não teve dúvidas e correu ao local. Entrou no que restava das moradias e fez o que podia para evitar uma tragédia. O ato de coragem foi estampado ontem na capa do Diario, que trouxe foto de Claudionor em meio à fumaça. 
Ele disse que não poderia ficar parado sabendo do desespero das famílias que perderam suas casas. “Já morei num barraco e sei como é difícil. Além de conhecer várias pessoas que tinham casas lá, meu primo também morava na comunidade. Ele só conseguiu salvar a geladeira.”

Morador de Saramandaia, também em Campo Grande, ele trabalha como repositor em um mercadinho durante o dia e estuda à noite. Na segunda-feira, não foi ao trabalho porque estava de folga. Durante mais de 40 minutos, ele e mais oito pessoas subiram nos telhados de um corredor de casas ao lado da favela. Nem mesmo a alta temperatura e o perigo de explosões fizeram Claudionor desistir. “Começamos a jogar água. Chegamos a arrastar duas caixas d’água que estavam nos telhados”, contou o rapaz.

Cercado por familiares, na tarde de ontem, ele relembrou vários momentos de tensão. “Havia muitas mulheres procurando por seus filhos e outras pessoas em busca de idosos que não estavam sendo localizados. De cima dos telhados onde a gente estava dava para ver toda a situação. Acho que essa é a nossa obrigação. Temos que fazer o bem sem olhar a quem”, ensinou.

A camisa e a bermuda usadas no momento em que ajudava no combate ao incêndio ainda estavam sujas. Estava muito quente no lugar onde Claudionor tentava apagar as chamas. Para tentar diminuir a temperatura, ele molhava a camisa, espremia em cima da cabeça e vestia molhada. A mãe, Mércia Silva, estava feliz e orgulhosa da atitude do filho. “Quando ele chegou em casa todo molhado dizendo que tinha ido ajudar as pessoas do incêndio meu coração se encheu de felicidade. Claudionor sempre gostou de ajudar as pessoas e o mundo precisa de mais solidariedade”, comentou a dona de casa.

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