Luke Baker
JERUSALÉM (Reuters) - A polícia de Israel matou a tiros
nesta quinta-feira um palestino, de 32 anos, suspeito de ter tentado matar um
ativista judeu de ultradireita horas antes, o que desencadeou confrontos
intensos em Jerusalém Oriental e temores de um novo levante palestino.
O complexo de Al-Aqsa, ou Monte do Templo, que está no cerne dos mais
recentes episódios de violência, foi fechado aos visitantes por precaução. Foi a
primeira interdição total do local, venerado por judeus e muçulmanos, em 14
anos.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, criticou as ações israelenses, que
disse serem "equivalentes a uma declaração de guerra".
O corpo de Moataz Hejazi foi encontrado em uma poça de sangue entre antenas
de televisão no teto de uma casa de três andares em Abu Tor, distrito árabe de
Jerusalém Oriental, enquanto forças israelenses isolavam a área e repeliam
manifestantes palestinos munidos de pedras.
Hejazi era suspeito de ter alvejado e matado Yehuda Glick, ativista religioso
de ultradireita que liderou uma campanha para que os judeus tenham permissão de
orar no complexo de Al-Aqsa.
Glick, colono nascido nos Estados Unidos, foi morto a tiros quando saía de
uma conferência no Centro Menachem Begin de Jerusalém no final de quarta-feira.
Seu assassino escapou na garupa de uma motocicleta.

Os moradores da área afirmaram que centenas de policiais israelenses
participaram da busca noturna por Hejazi. Ele foi rastreado até a casa de sua
família em Abu Tor e cercado no terraço de um edifício vizinho.
OPINIÕES DIVIDIDAS
"Unidades da polícia antiterrorista cercaram uma casa na vizinhança de Abu
Tor para prender o suspeito da tentativa de assassinato de Yehuda Glick",
declarou o porta-voz da polícia de Israel, Micky Rosenfeld. "Assim que chegaram,
foram recebidos a tiros. Reagiram aos disparos, atingindo e matando o
suspeito."
Os locais identificaram o homem como Hejazi, que passou 11 anos em uma prisão
israelense e foi libertado em 2012. O pai e o irmão de Hejazi foram presos. A
polícia israelense lançou bombas sonoras para afastar grupos de moradores
revoltados, que gritaram ofensas enquanto assistiam ao desenrolar do drama das
sacadas ao redor.
Um residente de Abu Tor, um idoso árabe de bengala que não quis se
identificar, descreveu Hejazi como um encrenqueiro. Outros afirmaram que ele era
um bom filho de uma família respeitável.
O Hamas e a Jihad Islâmica, dois grupos que militam pela causa palestina,
saudaram o ataque a Glick e lamentaram a morte de Hejazi.
"Louvamos seu martírio, que veio depois de uma vida plena de jihad (luta) e
sacrifício e que respondeu ao chamado da tarefa sagrada de defender a mesquita
de Al-Aqsa", declarou a Jihad Islâmica.
Jerusalém Oriental, capturada por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967 e
ocupada desde então, tem sido palco de atritos intensos nos últimos meses,
especialmente nos arredores de Silwan, que fica à sombra da Cidade Velha e
de
Al-Aqsa.
Organizações de colonos judeus adquiriram mais de duas dúzias de edifícios em
Silwan ao longo dos anos, sendo nove nos últimos três meses, e os ocuparam, uma
iniciativa para tornar o distrito mais judeu. Cerca de 500 colonos vivem em meio
a aproximadamente 400 mil palestinos.
(Reportagem adicional de Ori Lewis em Jerusalém, Ali Sawafta e Noah Browning
em Ramallah e Nidal al-Mughrabi em Gaza)