Hugo Viana
Folha-PE
O escritor pernambucano Osman Lins (1924-1978) completaria 90 anos no dia 5 de julho, data que incentiva retornar análises sobre a obra e a trajetória intelectual do autor que se consagrou no campo literário com o romance "Avalovara", em 1973 - o celebrado autor argentino Julio Cortazar teria dito, sobre a publicação: "Se eu tivesse escrito esse livro, poderia passar mais 20 anos sem fazer mais nada". Começa nesta sexta-feira (18) e segue até domingo (20) o evento "Leituras Cruzadas III: Lendo Osman Lins", dedicado ao autor. Serão palestras, ensaios abertos e leituras dramáticas - toda a programação será no Teatro Hermilo Borba Filho, em diferentes horários.
"O Leituras Cruzadas busca divulgar uma obra que permeia o universo popular, mas que encontra abrigo no universo erudito. Esta é a oportunidade de difundirmos visões acerca de um autor singular e versátil", diz o coordenador do evento, Alexsandro Souto Maior, também escritor, diretor e ator de teatro. A abertura será às 19h, com a presença da secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e da filha de Osman, Ângela Lins. As duas compartilharão com o público momentos significativos do autor pernambucano. A mediação será do professor Fábio Andrade (UFPE), cuja dissertação foi sobre "Avalovara".
No sábado (19), as atividades começam a partir das 18h, quando os integrantes do Teatro Dubando apresentam o ensaio para o espetáculo "Perdidos e Achados", narrativa do livro "Nove, Novena" (1966). A peça é dirigida por Alexsandro Souto Maior e tem participação do ator convidado Tatto Medinni. O ensaio apresentará questões que serão debatidas na mesa com Robson Teles (professor de Literatura da Universidade Católica de Pernambuco e dramaturgo) e Luiz Carlos Vasconcelos (ator e diretor paraibano, atualmente no elenco da novela "Geração Brasil", da Rede Globo). Robson falará sobre as narrativas osmanianas do gênero dramático e Luiz Carlos abordará sua experiência ao montar "Retábulo", dirigindo o Grupo Piollin (PB).
Encerrando a programação, no domingo, a Companhia Fiandeiros de Teatro fará a leitura dramática de "Mistério das Figuras de Barro", com direção de André Filho, a partir das 16h. Em seguida, acontece a mesa "O teatro da palavra de Osman Lins", com a jornalista e crítica teatral Ivana Moura. Depois, entra em cena a relação do autor com o cinema: será exibido o curta-metragem "A Partida", de Sandra Ribeiro, seguido de conversa com a diretora sobre a sua experiência ao filmar a obra osmaniana e com o jornalista Adriano Portela, que fará uma analise sobre as adaptações de textos de Osman para o cinema.
Para fechar o evento, os professores Rosana Teles (IFPE), Lourival Holanda (UFPE) e o pesquisador Arnoldo Guimarães estarão na mesa "Cruzando Leituras", para debater o peculiar universo poético criado por Osman Lins.
Gêneros
Embora o romance seja o gênero em que Osman mais se destacou - e seu preferido -, o autor pernambucano também escreveu contos, ensaios, poesias e peças de teatro. Um de seus trabalhos mais conhecidos é "Lisbela e o prisioneiro", adaptado para o cinema por Guel Arraes.