A Tarde
Principal cabo eleitoral das eleições desse ano, estrela de maior brilho do PT,
o ex-presidente Lula está de volta à Bahia para o início da pré-campanha petista
à reeleição da presidente Dilma Rousseff e do candidato Rui Costa ao governo
Estado. Nessa entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE fala sobre a escolha de Rui,
Pasadena, as eleições presidenciais, as chances de Dilma e o afastamento de
alguns aliados.
O senhor tinha apoiado o nome de José Sérgio
Gabrielli para ser o candidato do PT ao governo baiano. O que achou da escolha
de Rui Costa?
Não se trata de ter apoiado o nome do Gabrielli para
ser candidato a governador, porque quem decide o candidato é o Partido dos
Trabalhadores na Bahia. Eu achava que o Gabrielli era o companheiro mais
preparado para ser governador, quando ele deixou a Petrobras e foi ser
secretário no governo da Bahia. Os anos passaram, e o PT baiano e o governo
construíram a possibilidade de ter outro candidato e o partido por maioria
decidiu esse candidato, portanto o candidato é o Rui Costa, que é o meu
candidato, do governador Jaques Wagner, do Gabrielli e espero que também seja o
candidato do povo da Bahia. Eu acho que a Bahia é um estado muito importante e
tem um governador que sabe fazer política como ninguém, tanto que foi eleito
duas vezes no primeiro turno..
Falando em Sérgio Gabrielli como o
senhor está observando toda essa polêmica da compra da Refinaria de Pasadena? Na
opinião do senhor foi um bom negócio na época que foi realizada no seu
governo?
Primeiro, esse caso de Pasadena já vem sendo discutido há
muito tempo pelo Tribunal de Contas da União, pelo Congresso Nacional, tanto o
Gabrielli quanto a Graça Foster já deram muitas informações sobre isso. Ora, é
muito cômodo uma pessoa achar que um negócio que era rentável, que era
importante do ponto de vista estratégico para Petrobras, feito em 2006, por
conta do momento do petróleo nos Estados Unidos, ache agora, que não foi bom
porque o mercado de petróleo mudou e não está vendendo o que achava que ia
vender. Você pode ter feito um mau negócio na época que depois virou um bom
negócio, ou fazer um mau negócio que se transforme depois em um negócio
razoável, rentável. Eu acho que o Gabrielli e a Graça explicaram bem isso. O que
eu acho estranho é que toda a época de eleição aparece alguém com uma denúncia
contra a Petrobras, que desaparece logo depois das eleições. Eu tenho as vezes
impressão que tem gente querendo fazer caixa dois fazendo denúncia contra a
Petrobras.
Na campanha presidencial haverá a discussão do que foi
feito nos governos petista em comparação com os governos anteriores. A
presidente Dilma leva vantagem na comparação em relação aos seus adversários e
poderá usar o legado da Copa do Mundo nessa discussão?
Eu penso que
nós temos quase 12 anos de governo do PT, para comparar com as pessoas que
governaram o Brasil antes de nós. E eu tenho certeza que no investimento em
educação, na saúde, na geração de emprego, no aumento dos salários, do salário
mínimo, no combate a miséria e a fome, o Brasil tem no governo do PT uma
política de sucesso que serve de exemplo para o mundo. Certamente não foi feito
tudo em 12 anos, e nem seria possível consertar em 12 anos o que não foi feito
em 500 anos. De qualquer forma, eu não tenho dúvida nenhuma que os 12 anos de PT
nos enchem de orgulho por tudo que foi feito nesse país. Desde o programa Bolsa
Família ao Luz Para Todos, desde o Prouni ao Reuni, desde as universidades do
Fies aos estudantes à agricultura. Eu acho incomparáveis as vantagens obtidas no
governo do PT em relação aos outros governos. Eu, sinceramente, não acho que a
Copa do Mundo tem influência para qualquer que seja o candidato, perca o Brasil
ou ganhe o Brasil. Não é possível imaginar que o povo não tenha nenhuma
inteligência e vá decidir o resultado em cima de um jogo de futebol. Eu acho que
a Dilma vai ganhar as eleições porque é a candidata mais preparada, com as
melhores propostas para o segundo mandato, e todo mundo sabe que ela tem uma
experiência extraordinária em governar o Brasil.
Na visão do
senhor o que deu errado na articulação da presidência da República com os
partidos aliados já que ocorreram problemas de relacionamento com o PMDB e o
próprio PSB que deixou a aliança?
Eu acho que os problemas e
divergências na base aliada são próprios do tamanho da base aliada. Quando você
é um governo bem-sucedido como o da presidenta Dilma, e tem aliança com quase
todos os partidos, é natural que na época da campanha você tenha divergências
pontuais com alguns partidos, alguns tentem ter candidatura própria, como o PSB
e isso tem que ser encarado com naturalidade. O que é importante a gente ter
consciência é que isso faz parte da consolidação do processo democrático no
Brasil, que é irreversível.
Como o senhor vê a candidatura de
Eduardo Campos com o discurso de querer enterrar a "política velha" após ser
aliado durante longo tempo do PT e seus governos, em Pernambuco, terem recebido
recursos generosos do governo federal?
O Eduardo Campos, quando fala
de enterrar a política velha, ele deve saber do que ele está falando, porque ele
tem consciência que todo mundo que faz política, inclusive ele, faz política com
base na realidade, com base na correlação de forças, com base na composição
necessária para ter governabilidade. Ele, mais do que ninguém, sabe disso. Eu
acho que ele tem todas as condições de ser candidato à presidente. Ele tem
experiência administrativa, foi governador de um estado importante, eu acho que
ele pode ser candidato, não tem problema, como pode o Aécio, como pode qualquer
um ser candidato. Basta ter idade suficiente e ser filiado à um partido político
para ser candidato. Os recursos que o governo federal deu para Pernambuco, deu
para todos os estados. Quando fazemos investimentos no estado, com dinheiro do
orçamento ou financiamento, nós não o fazemos por causa do governador, mas por
causa das necessidades do povo de cada estado ou cada cidade. Nós sabemos que
era preciso fazer muito investimento no Nordeste, porque o Nordeste foi por
muito tempo esquecido pelos governos do Brasil. O que nós fizemos para
Pernambuco, fizemos para a Bahia, fizemos para o Ceará ou Maranhão, porque nosso
lema era trabalhar para tirar o Nordeste do atraso ao qual ele estava submetido.
E eu tenho certeza que nunca antes na história do Brasil, um governo investiu
tanto no Nordeste quanto o PT investiu nesses 12 anos de governo.