O BRT dos “puxadinhos”

Antônio Assis
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JC Online

ARRUMADINHO - O velho e o novo se misturam no Norte-Sul. Paradas de concreto permanecem ao lado das futuras estações modernas. Fotos: Edmar Melo/JC Imagem

Um sistema que, por ser mal implantado, ter premissas técnicas fundamentais ignoradas, ainda é mal entendido e pouco aceito por parte da popolução e da classe política. Mas o sistema Bus Rapid Transit (BRT) significa transporte de qualidade sim senhor. Desde que seja bem feito, siga, sem arrumadinhos ou adequações, regras e padrões operacionais para ter qualidade. Foi assim que esse sistema operado por ônibus ganhou fama a partir de 1974, ao ser criado em Curitiba (PR), e visibilidade mundial em 2000, com a cópia aprimorada da ideia brasileira do Transmilênio, em Bogotá (Colômbia). Na série que o Blog De Olho no Trânsito apresenta neste domingo (6) e segunda-feira (7), o BRT pernambucano, maior legado que o governo estadual deixa após sete anos de gestão Eduardo Campos, será destrinchado. O bom e o ruim, o certo e o errado, expostos.

Começaremos pelos equívocos do BRT pernambucano, batizado Via Livre. Eles são muitos. Por falta de tempo e, principalmente, cuidado com o planejamento, o projeto acumula erros. São várias as lacunas, apontadas por técnicos e futuros operadores, que poderão, caso não sejam corrigidas a tempo, comprometer sensivelmente a operação e o que mais importa: a aceitação popular sobre o sistema, previsto para ser a elite do transporte público da Região Metropolitana do Recife. Por isso, a necessidade de apontá-las para que, mesmo a 67 dias da Copa do Mundo, possam ser corrigidas. O nosso BRT apresenta diversos “puxadinhos”, ou seja, adequações ao projeto original que descaracterizam a proposta de qualidade do sistema, comprometendo sua eficiência. A impressão é que a qualidade do Via Livre limita-se à construção de estações e à compra de ônibus novos (ambos no padrão BRT, extremamente confortáveis). No resto, o governo do Estado está construindo três terminais integrados (Abreu e Lima, III e IV Perimetrais, no Recife) e arrumando os corredores de transporte existentes (PE-15 e Avenida Caxangá).

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