Muita espuma e pouco resultado prático. É assim que tem sido propagada no Congresso a versão central do encontro do senador Aécio Neves, pré- candidato tucano ao Planalto, com o governador Eduardo Campos (PSB), que sinaliza entrar também na disputa presidencial. Na linguagem política, espuma é jogo de cena, jogar para a plateia.
Mas o que poderia unir Aécio e Eduardo? Mais robusto por representar um partido com mais tempo na televisão, maior número de governadores em Estados com grande densidade eleitoral, como São Paulo e Minas, o tucano é defensor da tese de que a candidatura de Eduardo levaria a eleição para o segundo turno, porque o socialista tiraria mais votos de Dilma do que dele no Nordeste.
E indo ao segundo com Dilma, Aécio acha que contaria com o apoio do governador pernambucano. Que Eduardo tira votos de Dilma no Nordeste não há dúvidas. Difícil será acreditar numa composição do PSB ao PSDB, porque o governador não teria autonomia para decidir sozinho o rumo do partido na disputa final.
Se historicamente o PSB se aliou ao PT e hoje grande parte dos governadores ainda defende a manutenção desta aliança, como Eduardo jogaria o partido no colo de Aécio em se tratando de uma disputa na qual Dilma teria muito mais chances de emplacar a reeleição?
Aécio e Eduardo, portanto, nunca dividirão o mesmo palanque. Nem as circunstâncias de hoje nem as projeções de futuro abrem uma janela nessa direção. O que pode ter restado além da espuma foi o acerto de um pacto para endurecer o discurso contra Dilma e, consequentemente, torrar a paciência da presidente.