Familiares e amigos de Davi Santiago plantaram cruzes em frente à Celpe para homenagear as pessoas que morreram eletrocutadas
Foto: Guga Matos/JC Imagem
JC Online
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento de investigação contra a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) devido às mortes causadas por choque elétrico no Estado entre 2011 e 2013. O objetivo é investigar as causas e a responsabilidade sobre mortes ocorridas no período em via pública. A Celpe pode enfrentar ação de dano moral coletivo e ser obrigada a investir na infraestrutura, tendo como parâmetro a redução de 20% no número de óbitos até 2015. A Polícia Civil do Estado vai abrir inquérito para identificar quantos casos podem ser considerados homicídio culposo.
O procedimento foi aberto após solicitação do deputado Eduardo da Fonte, presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, junto ao Ministério Público, devido à morte do advogado Davi Santiago de Lima Filho, 37 anos. Ele faleceu em 11 de junho depois de esbarrar em um fio desencapado numa calçada, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. À época, moradores informaram que já haviam contatado a Celpe, alertando para o perigo dos fios expostos, mas a empresa se eximiu da culpa.
Por causa da morte de 31 pessoas por choque, em 2011, a concessionária de energia chegou a ser multada pela Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe)em R$ 3,1 milhões. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) solicitou à Arpe que apurasse se as mortes foram causadas por eventuais falhas técnicas da Celpe. Caso seja comprovado problema de manutenção, a empresa poderá sofrer multa de até 2% sobre seu faturamento líquido anual, que é de R$ 3 milhões.
Em nota, a Celpe informou que recebeu a notificação e vai responder no prazo estabelecido. A empresa afirma que das 31 ocorrências envolvendo energia elétrica em 2011, 26 foram motivadas por interferências externas à rede elétrica como ligações clandestinas e contato acidental de operários de obras de construção civil. Além disso, a concessionária aponta como causas das mortes poda irregular, vazamento de corrente em poste, de responsabilidade da administração pública, colisão de veículo contra poste e tentativa de furto de condutor.