Cartel de trens pode ter atuado no Recife

Antônio Assis
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Marcelo Montanini
Folha de Pernambuco

Arthur Mota/Arquivo Folha
Delatora, Siemens fez manutenção em linhas do Metrorec na Capital
As investigações que apontaram formação de cartel em licitações de trens e metrôs em São Paulo e no Distrito Federal deixam transparecer que o esquema pode ter se estendido a outras capitais, inclusive, ao Recife. Segundo reportagem publicada no último domingo (18) na Folha de S. Paulo, documentos apreendidos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), vinculado ao Ministério da Justiça, indicam que cartel teria operado, além da capital pernambucana, em Cuiabá, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador.

De acordo com o jornal, os documentos, que apontam estas cidades como possíveis alvos, foram obtidos nas operações de busca e apreensão realizadas em julho em dez empresas acusadas pela multinacional alemã Siemens de participação na fraude. O Cade afirma, no entanto, que ainda está analisando os materiais e que irá apurar com rigor caso encontre “indícios de cartel em outras licitações, mercados ou localidades”. A matéria afirma que, no Recife, a Siemens fez a manutenção nas linhas Sul e Centro do Metrorec, em um consórcio com a T’Trans. O Metrorec é operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vinculado ao Ministério das Cidades. Os projetos são financiados por recursos do Governo Federal.

A reportagem da Folha de Pernambuco tentou contatar o Metrorec, mas não obteve êxito. Segundo a Folha de S. Paulo, o Cade diz que o inquérito focou inicialmente a atuação do esquema em São Paulo e Brasília porque foram apenas nessas cidades que a Siemens admitiu ter participado do cartel. Por ter sido a delatora do esquema, a multinacional alemã terá anistia administrativa graças ao acordo com o Cade. Entretanto, se tiver omitido informações das autoridades, poderá perder os benefícios da delação.
Em maio deste ano, a multinacional alemã Siemens denunciou ao Cade a existência de um cartel de empresas interessadas em licitações de trens. O esquema teria funcionado em ao menos seis licitações entre 2000 e 2007. O Cade examinou centenas de documentos apresentados pela empresa e concluiu que houve irregularidades. Em julho, as autoridades apreenderam documentos nos escritórios de outras dez empresas. A suspeita é de que as empresas combinavam com antecedência o resultado das licitações e assim faturavam de 10% a 20% além do preço justo pelo serviço contratado. Confirmados os indícios de cartelização, o Cade abrirá processo contra as envolvidas.

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