Na sexta-feira, o Facebook censurou um texto noticioso da Folha publicado na página que o jornal mantém na rede social e na qual tem 1,76 milhão de simpatizantes.
Falava da manifestação de um grupo pró-passe livre em Porto Alegre e mostrava foto de protesto em que pessoas apareciam nuas. Procurada pelo jornal, a empresa não quis explicar a censura.
O Facebook é, hoje, o terceiro "país" do mundo em "população", com 1,1 bilhão de usuários, 73 milhões deles no Brasil. Pois este "país" é uma ditadura, que pratica censura prévia e póstuma. Sem explicações.
Espiona também seus "cidadãos", como mostrou o austríaco Max Schrems, em entrevista à Folha. Ele venceu uma ação contra a empresa, que teve de exibir tudo o que tinha arquivado dele: um dossiê de 1.222 páginas, algumas com e-mails que ele pensava ter deletado para sempre.
E divide o que sabe de seus "cidadãos" com "governos amigos", como fez com o serviço de espionagem dos EUA pelo programa Prism, segundo revelou o britânico "Guardian".
Não sou um ativista anti-Facebook. Sou "cidadão" desde 2005, quando estudava em Stanford e a rede mal tinha evoluído de sua origem --ajudar nerds a classificar rostos (daí o "face" do nome) como bonitos ou feios.
Mas tenho discutido aqui se devemos nos entregar a essa "rede social" sem questionar suas práticas e sua ética. Como numa seita, muitos não querem nem ouvir falar disso.
Um apresentador de TV que respeito insinuou que o "mimimi" da "grande mídia" com o Facebook era inveja. Uma amiga e ex-editora da Folha disse que, com tantas objeções, o jornal não deveria estar ali.
"O espírito do Facebook é ame-o ou deixe-o?", provoquei, citando um dos slogans da ditadura militar (1964-1985). Ela respondeu que, "se há tantas restrições sobre a postura empresarial das redes, me parece, sim, um ame-o ou deixe-o".
Não amo, nem deixo. E continuarei a questionar.
Fonte: Folha de S. Paulo
NENA CABRAL COMENTA SOBRE AS CAUSAS DA VIOLÊNCIA VÍRUS, TIROS, TORTURA
Procrastinar a justiça é a pior das injustiças. A administração eficaz e transparente da justiça é o mais firme pilar de um governo, e o governo que desconsiderar isso, vai colher o que nunca desejou, e terá, sem dúvida, um futuro muito desagradável. Quem não evita a injustiça podendo fazê-lo, estimula outras injustiças. A sociedade organizada, com suas manifestações exacerbadas, está enviando um recado para as autoridades que administram a justiça: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mas o que é mesmo que o povo quer? O povo está exigindo respeito; o povo quer que a lei seja equitativamente distribuída entre todos; o povo só quer um emprego digno para a manutenção familiar; o povo quer os corruptos na cadeia. Só isso! – Ninguém mais quer pecar pelo silêncio, mas quer protestar pelos seus direitos. “Todos são iguais perante a lei”, afirma a Constituição mais fazer sem violência é claro.
Nena Cabral
Um milhão e meio de pessoas foram às ruas pedindo saúde, educação e dignidade. Associações médicas rompem com o governo por causa das novas regras para a profissão. Dilma rumina a queda nas pesquisas, o crescimento pífio do país, a birra do PT e as ameaças do PMDB. Enquanto isso...
Perto de 75 mil (75 mil!) pessoas contraíram um vírus e tiveram diarreia em Alagoas, com quase 50 (50!) mortos. O principal suspeito é a água usada para cozinhar, tomar banho, escovar os dentes. Atenção: Alagoas é Brasil, e o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo.
Um tiroteio entre policiais e traficantes matou dez pessoas, inclusive um sargento do Bope e dois cidadãos que não tinham antecedentes criminais: um garçom de 35 anos e um engraxate de 16. Atenção: quem mora no Complexo da Maré também é brasileiro, e o brasileiro é um forte, tem direito à vida.
Quatro funcionários de um parque de diversões, entre 22 e 25 anos, foram presos e confessaram o assassinato de uma moça no Paraná, até que um mero exame de DNA mostrou que nenhum deles fizera sexo com a vítima. Soltos, eles disseram que foram espancados, empalados, eletrocutados e asfixiados com sacos plásticos, mesmo após a "confissão". Exames comprovam os maus-tratos. Atenção: bate, depois investiga? Tortura nunca mais!
Vândalos infiltrados entre manifestantes que fazem vigília diante do apartamento do governador do Rio quebram e arrebentam lojas, bancos, prédios, bancas de jornais e tudo o que veem à volta, enquanto a polícia, aturdida, balança entre fazer o que tem de ser feito e simplesmente cruzar os braços para não ser acusada de violência. Atenção: isso é "democratice", não democracia.
No Brasil das eleições, discutem-se constituinte exclusiva, plebiscito, recesso, corte de ministérios e se o melhor aliado é o PMDB ou o PSB. No Brasil real, o pau está quebrando.
Ah! E o papa vem aí.
Fonte: Folha de S. Paulo

NENA CABRAL COMENTA SOBRE A QUEDA DA POPULAÇÃO CATÓLICA NO BRASIL CAI DE 64% PARA 57%, DIZ DATAFOLHA
A Igreja Católica voltou a perder adeptos no Brasil, enquanto cresceu a quantidade de evangélicos e de pessoas que se declaram sem religião, aponta estudo publicado nesta terça-feira pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas.
“Os dados demonstram claramente que a velha pobreza brasileira (como áreas rurais do Nordeste, mais assistidas por programas sociais) continua católica, enquanto a nova pobreza (como a periferia dessasistida das grandes cidades) estaria migrando para as novas igrejas pentecostais e para os segmentos sem religião”
Nena Cabral
Na última visita de um Papa ao país, em 2007, 64% se diziam católicos.
Francisco chega ao RJ nesta segunda para Jornada Mundial da Juventude.
O número de brasileiros que se declaram católicos caiu de 64% em 2007, quando houve a última visita de um Papa ao país, para 57% em 2013, segundo pesquisa Datafolha publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” neste domingo (21). Os dados foram divulgados na véspera da chegada do Papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, que será iniciada nesta segunda-feira (22).
No mesmo período, a população de evangélicos pentecostais passou de 17% para 19%, a de evangélicos não pentecostais de 5% para 9% e a de espíritas kardecistas se manteve em 3%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa foi realizada nos dias 6 e 7 de junho. Foram feitas 3.758 entrevistas em 180 municípios brasileiros. A porcentagem da população católica é a menor da série histórica do Datafolha, iniciada em 1994. Na época, 75% dos brasileiros eram católicos, 10% evangélicos pentecostais, 4% evangélicos não pentecostais e 4% espíritas kardecistas. O menor número de católicos registrado desde então havia sido em 2011, com 62%.
Entre os católicos, 26% consideram que o Papa Francisco é melhor que seu antecessor, o Papa Bento XVI; 50% acham que os dois são iguais, e apenas 3% consideram Francisco pior.
Participação
A pesquisa também fez questionamentos sobre a participação dos entrevistados na igreja. Entre os católicos, apenas 17% costumam ir à missa e outros serviços religiosos mais de uma vez por semana. Quando é questionada a presença apenas uma vez por semana, o número sobe para 28%.
Ainda entre os católicos, 21% dizem ir à igreja uma vez por mês, e 7% assumem que não a frequentam.
Os números também apontam que 34% deles têm o hábito de contribuir financeiramente com a Igreja, com um valor médio mensal de R$ 23.
A participação parece é menor que a encontrada em outras religiões. Entre os evangélicos pentecostais, 63% vão à igreja mais de uma vez por semana, 52% contribuem financeiramente, e o valor médio é de R$ 69,10 mensais.
Entre os evangélicos não pentecostais, 51% vão à igreja mais de uma vez por semana, 49% contribuem financeiramente, e o valor médio é de R$ 85,90 mensais.
Já entre os espíritas kardecistas, 23% costumam participar de serviços religiosos, 16% contribuem financeiramente e o valor médio é de R$ 42 mensais.
Orientações religiosas
Os católicos também são os menos sujeitos a seguir as orientações políticas dadas por sua igreja, segundo o Datafolha. Apenas 5% dos entrevistados que se disseram católicos afirmaram ter votado em um candidato recomendado pela Igreja, e 11% consideram importante a opinião dos religiosos durante a campanha.
Entre os evangélicos pentecostais, os números sobem para 18% e 21%, respectivamente. Entre os evangélicos não pentecostais, 14% votaram em candidato recomendado e o mesmo número considera a opinião dos religiosos importante. Entre os espíritas kardecistas, os números caem para 3% e 12%.
Temas polêmicos
Os entrevistados também foram questionados acerca de temas polêmicos entre as religiões.
Em relação a leis que criminalizem o aborto, 22% dos católicos se disseram contra; o mesmo foi respondido por 16% dos evangélicos pentecostais, 23% dos evangélicos não pentecostais e 42% dos espíritas kardecistas.
Entre os católicos, 36% disseram ser contra a legalização da união de homossexuais. Entre os evangélicos pentecostais, 63% se disseram contra. O número cresce entre os evangélicos não pentecostais - 68% - e cai entre os espíritas kardecistas – 21%.
A adoção de crianças por casais gays é rejeitada por 42% dos católicos, 66% dos evangélicos pentecostais, 73% dos evangélicos não pentecostais e 31% dos espíritas kardecistas.
O número dos que são contra uma lei para punir a homofobia é menor em todas as religiões – 16% dos católicos, 24% dos evangélicos pentecostais, 21% dos evangélicos não pentecostais e 11% dos espíritas kardecistas.
Fonte: Folha de S. Paulo