Tatiana Notaro
Folha-PE
O petroleiro suezmax Zumbi dos Palmares, segundo do Estaleiro Atlântico Sul (EAS, no Complexo Industrial Portuário de Suape), ganhou os mares com cerimônia, presença de autoridades e a impressão de que a tão falada indústria naval brasileira está saindo da curva de aprendizado e consolidando-se. O mar de problemas do seu antecessor, o também suezmax João Cândido, não afogou o Zumbi, e tomando como referência o ritmo de trabalho anunciado pelo EAS, que está com três navios em construção, tudo tende a tomar rumo. A Transpetro, subsidiária logística da Petrobras e dona de encomenda ao EAS que totaliza 22 navios, informou que o Zumbi segue para a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, onde receberá petróleo cru da plataforma P-38. De lá, segue para São Sebastião, em São Paulo.
O novo navio estourou o prazo fechado em contrato em 23 dias (o João Cândido, em quase dois anos) e teve que passar por menos reparos que o primogênito do EAS. Segundo o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, enquanto a primeira embarcação teve retrabalho de 40%, o Zumbi teve 12%. A previsão é de que o Dragão do Mar, terceiro da lista que deve ser entregue ainda este ano, tenha 3%. Contratualmente, o Zumbi está orçado em R$ 295 milhões, mas o valor final ainda não foi divulgado, assim como uma eventual multa pelo atraso.
A capacidade de transporte desses petroleiros é de 157 mil de Toneladas de Porte Bruto (TPB). São 274,2 metros de comprimento por 48 metros de largura e 51,6 metros de altura. O petroleiro suezmax pernambucano tem 17 metros de calado (compatível com a passagem pelo Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho), pontal de 23,2 metros (distância entre o fundo e o convés) e pode atingir velocidade de 14,8 nós. A embarcação tem ainda autonomia de 20 mil milhas náuticas e capacidade de transportar um milhão de barris de petróleo (metade da produção diária nacional).
Segundo o presidente do Sindinaval, Eliovaldo Rocha, a expectativa é quanto ao acréscimo de 20 milvagas de trabalho até 2015, somadas às atuais 54 mil. A retomada do setor tem como base o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem entre os princípios priorizar o conteúdo nacional e a competitividade do Brasil no mercado. O Promef soma 49 navios, dos quais 30 serão construídos em Pernambuco, sendo 22 no EAS e oito (tipo gaseiro) no STX Promar, que começa a operar no mês que vem.
“Em 2002, Lula, em campanha, prometeu que os estaleiros sairiam do abandono”, disse a presidente Dilma Rousseff, relembrando a situação do setor naval naquela época, que era “dedicado apenas a reparos em embarcações e empregando apenas duas mil pessoas”. Na cerimônia, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, garantiu que a compra de 28 sondas de perfuração estão no cronograma da empresa, e que seis delas foram encomendadas ao EAS. Hoje, o Brasil ocupa a terceira posição mundial na carteira de encomendas de petroleiros e a quarta geral.