Marcela Balbino
JC Online
Há pouco mais de uma semana, nasceu no Recife o Colab, rede social
colaborativa que permite aos usuários do Facebook fiscalizar os
problemas da cidade, apontar soluções e avaliar os serviços públicos do
município. Só nos sete primeiros dias de funcionamento, mais de 2 mil
pessoas ingressaram no site (www.colab.re)
e uma média de 300 denúncias foram registradas. A mobilidade urbana,
mais especificamente as questões de estacionamento e calçadas
irregulares, liderou a lista de reclamações no primeiro relatório da
rede. Até maio, os idealizadores pretendem atingir 20 mil usuários.
A rede é baseada em três pilares de interação. O botão “Fiscalize”
permite ao cidadão apontar problemas rotineiros, como iluminação
pública, coleta de lixo, defesa do consumidor, entre outros. O
“Proponha” é um banco de ideias para a gestão pública. Ele funciona
como um fórum através do qual os participantes colocam ideias e projetos
em debate com a população. O “Avalie” é um espaço onde o cidadão dá
notas para os serviços, instituições e entidades ligadas ao governo. Os
projetos que a prefeitura submete à aprovação popular também são
avaliados.
Um dos criadores do Colab, o publicitário Gustavo Maia, da empresa
pernambucana Quick, explica que após trabalhar com marketing político,
durante as últimas eleições municipais, percebeu a necessidade de criar
uma ponte entre os cidadãos e o poder público. Uma ferramenta que desse
vazão às contribuições e críticas daqueles que moram no Recife, cidade
escolhida para receber a primeira edição do projeto. “Antes víamos
muitas pessoas falando do trânsito e querendo dar soluções para a
mobilidade. Propostas para construção de ciclovias e outros temas.
Sentimos a necessidade de aumentar essa conexão com a cidade. Criar um
espaço virtual para o cidadão colocar a opinião e o gestor público poder
acessar”, explica.
Para chegar ao formato atual, alguns grupos foram ouvidos e
iniciativas semelhantes, existentes no País e no mundo, serviram de
inspiração. Os dados das publicações são abertos e o site, no qual
serão disponibilizados os relatórios, está em fase de finalização. Além
da capital pernambucana, o Colab será levado para São Paulo e Rio de
Janeiro. Agora, os criadores estão em busca de parceria com algumas
prefeituras, inclusive a do Recife, para desenvolver um projeto piloto.
Uma das ideias sugeridas é, por exemplo, o usuário fotografa carros
estacionados em local irregular, o Colab envia uma mensagem ao fiscal da
CTTU mais próximo. O agente de trânsito vai ao local e aplica uma
multa.
Gustavo explica que as denúncias são reunidas e direcionadas à
ouvidoria dos órgãos. “Quando reclamam de cano estourado, abrimos um
chamado no site da Compesa para avisar sobre o problema”, conta.
O analista de sistemas Pedro Santos, 20, ingressou na rede e
acredita que a ferramenta dará visibilidade a problemas antigos que,
por falta de espaço, tendiam a se perpetuar. “As redes sociais têm sido
usadas para apontar problemas e irregularidades e são boas
alternativas para fiscalizar. O grande problema é que elas estão
descentralizadas. Entrei no Colab porque acredito que ele conseguirá
agregar todos os pontos e será o principal canal para compartilhar este
tipo de informação. Não temos fiscais suficientes para cobrir toda a
cidade e com ferramentas desse tipo, todos são fiscais em potencial”,
afirma. “Isso dificulta que um gestor público diga frases típicas,
como: não atuamos antes porque não sabíamos do problema.”