Quase 100 anos de Santa Cruz

Antônio Assis
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Foto: Guga Matos/JC Imagem
O Santa Cruz completa neste domingo (3/2) 99 anos e inicia a contagem regressiva dos 100 anos (centenário) com a reunião solene do Conselho Deliberativo, marcada para às 9h. O clube foi fundado no dia 3 de fevereiro de 1914 por um grupo de jovens entre 14 e 16 anos. Eles jogavam peladas no pátio da Igreja de Santa Cruz. Assim, o nome foi escolhido. Eles se reuniram na Rua da Mangueira, número 2, na Boa Vista, para fundar o tricolor e não imaginavam que um dia se transformaria em um dos mais populares do Brasil.
A primeira diretoria foi presidente Miqueias Barros, vice-presidente Quintino Miranda Paes Barreto, primeiro secretário Luís de Gonzaga Barbalho e diretor de esportes Orlando Elias dos Santos. O clube, porém, nasceu com o uniforme preto e branco, alvinegro, uma proposta para unir as raças branca e negra no Recife, que já era dividido entre ricos e pobres, a maioria negros e mestiços, proibidos de jogar em outros clubes.

O Santa Cruz, no entanto, foi obrigado a mudar o seu uniforme porque na Liga Pernambucana havia um clube com as mesmas cores e não era permitido duas equipes no campeonato (o primeiro em 1915) com o mesmo padrão. Por isso, se transformou em tricolor, acrescentando o vermelho, que representava os índios. A decisão manteve o ideal de ser um clube aberto socialmente e também racialmente. O que foi fundamental para a popularidade da nova agremiação.

Pioneiro, o Santa Cruz foi o primeiro a ter um atleta negro e abriu as portas para Teófilo de Carvalho, o Lacraia. Ele inclusive foi quem criou o escudo do clube, que ao longo dos 99 anos sofreu mudanças, mas sempre mantendo a essência do primeiro layout.

O presidente do Conselho Deliberativo, Sylvio Ferreira, destaca essa característica do clube. “Desde a fundação, o Santa Cruz quebra paradigmas raciais e sociais. Fizemos um clube aberto com ideais de resgatar os meninos e colocá-los no futebol. Manter esse ideal tornou-se fundamental para quem faz parte do clube.”

CENTENÁRIO - O trabalho para os 100 anos do clube começou. O desembargador Bartolomeu Bueno, presidente da Comissão do Centenário, antecipou algumas propostas. Um delas é tentar realizar um jogo comemorativo. Quatro equipes de tradição da América do Sul estão na lista. O primeiro é argentino River Plate, seguido pelo Boca Juniors. Mas também há os uruguaios Penãrol e Nacional. Caso não seja possível um amistoso internacional, o brasileiro São Paulo ganha disparado na preferência.

“Inicialmente, pensamos em realizar o torneio. Mas fica inviável. Por isso, achamos melhor trazer um clube de tradição do futebol sul-americano. Tudo vai depender das condições até fevereiro de 2014. Mas temos o São Paulo, um clube de boas relações com o Santa Cruz”, explicou Bartolomeu Bueno.

Na pauta ainda está um livro com a história do clube, pesquisado pelo conselheiro João Caixeiro. A entrega do Museu do clube e ainda um grande baile com artistas tricolores.

PROGRAMAÇÃO - Além da reunião do Conselho, a programação ainda terá um Celebração do Culto Ecumênico, o lançamento do novo site oficial do clube, entrega de placas em homenagem aos sócios e conselheiros que contribuíram para a construção do muro do Centro de Treinamento Ninho das Cobras/Rodolfo Aguiar, em Aldeia, café da manhã, inauguração do novo espaço da Sala de Memória do Clube Dirceu Paiva e exposição fotográfica da história do clube na loja Go Store.

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