Um Veículo Para Cada Cinco Habitantes na RMR

Antônio Assis
0
Marina Falcão
Folha-PE

No ano em que o País receberá a Copa do Mundo, um estudo feito pela Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) aponta que o número de carros em circulação irá duplicar. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), por exemplo, de 2001 até o ano passado, o índice de pessoas por carro caiu 37%. Isso quer dizer que em 2001 havia um carro para cada 10,7 habitantes, enquanto que em 2011 era um para cada 6,7 habitantes. A estimativa é que em 2014 haverá um carro para cada cinco habitantes na RMR, crescendo ainda mais o fluxo de veículos nas vias. Os dados foram apresentados durante uma coletiva realizada ontem, na sede da Ceplan, no bairro das Graças, no Recife.


“A mobilidade urbana vai sofrer um forte agravamento. Em 2014 vão existir muito mais automóveis rodando na cidade e a infraestrutura não cresceu para acomodar essa frota que está se estruturando”, comentou o economista e diretor da Ceplan, Jorge Jatobá. Segundo ele, novos investimentos serão necessários. “É preciso uma forma de desafogar o Centro como, por exemplo, tirar os caminhões da perimetral do Recife, regulamentar o transporte de carga e descarga durante os dias úteis, talvez até instituir tarifas de pedágios urbanos. Dessa forma, evitando uma situação de caos, de completa imobilidade”, disse o economista.

Ainda de acordo com o estudo, o crescimento médio da frota de veículos ao ano na RMR, entre a década analisada, duplicou. O resultado foi um acréscimo de 7,6%, significando que de 448 mil veículos a quantidade passou para 930 mil. Deste índice, o que chama a atenção é o aumento anual de motocicletas que chegou a 15,8%, enquanto os ônibus obtiveram um resultado de praticamente um terço da quantidade: 5,5%. O número de linhas de ônibus foi reduzido para 337 na RMR, podendo o fato ser justificado pela acelerada procura da população por transporte particular.

“Como o transporte público não é de qualidade, então, as pessoas de classe média não usam muito transporte coletivo. Ele se desloca lentamente, não é climatizado e oferece riscos à segurança. Então se elas tiverem a oportunidade de usar seu automóvel, uma motocicleta ou uma bicicleta, elas vão preferir”, declarou Jatobá, a respeito dos ônibus. Ainda de acordo com o especialista, o crescimento na quantidade de motos nas vias deve-se, entre outros fatores, a facilidade de deslocamento. “Houve um aumento da renda do emprego, mas o que mais motiva esse crescimento é a enorme facilidade da moto em se deslocar com mais rapidez dentro de um trânsito caótico como o da RMR. Então há fatores econômicos e outros de mobilidade”, completou.

Com o estudo, Jatobá ainda concluiu que a probabilidade é de que a quantidade de acidentes cresça, seja envolvendo colisões, atropelamentos ou derrapagem de motos. Em 2010, Recife encontrava-se na 11ª colocação do ranking das capitais brasileiras envolvidas em acidentes com ferimentos fatais e era a 3ª colocada no ranking de vítimas não fatais, tendo em vista que essas podem ficar imobilizadas até o final da vida. Agora, o presidente da Ceplan pretende que as prefeituras, ao desenhar as políticas públicas de mobilidade, levem em conta os indicadores e os fatos estudados.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)