Márcio Bastos
Folha de Pernambuco
O universo dos bonecos está intrinsecamente ligado à infância, mas seria um erro reduzi-lo apenas a ele. Ao contrário, as possibilidades são inúmeras. É a diversidade desta arte milenar que o público vai conferir a partir desta quarta-feira (07), dentro da programação do Festival Sesi Bonecos do Mundo. O evento, gratuito, traz à Cidade 13 companhias, de sete países, entre elas a japonesa Kakashi-za, expoente mundial do Teatro de Sombras. A abertura acontece no Teatro Santa Isabel, e fica a cargo da companhia Pequod (RJ) com os espetáculo infantil “Marina, a sereiazinha”, às 19h, e o adulto “Marina”, às 21h.
Há quatro anos sem uma edição no Recife, o Sesi Bonecos do Mundo comemora sua nona edição e, mais do que isso, sua trajetória de sucesso. Oprojeto - em sua versão nacional e internacional -, já circulou pelos 26 estados do País e o distrito federal, reunindo um público total de 1,8 milhões de pessoas. Segundo Lina Rosa Vieira, idealizadora do projeto (ler mais abaixo), esse foi o motivo para o evento ficar tanto tempo longe de sua cidade-natal.
“Desde nossa primeira edição, em 2004, a demanda pelo festival foi imensa em todos os estados. Acredito que isso se deva ao caráter inovador do projeto. Alguns artistas, inclusive, chegaram a me dizer que consideram o Sesi Bonecos um divisor de águas para o Teatro de Bonecos por ter ampliado o público desse arte no Brasil”, diz Lina.
Mas a demora, ao que tudo indica, valeu a pena. O festival chega à Capital pernambucana ocupando dois espaços, o Teatro Santa Isabel e o Parque Treze de Maio, onde serão realizadas, ao todo, 27 apresentações. “Queremos pessoas e bonecos ocupando o Parque Treze de Maio, um espaço, na minha opinião, ainda subutilizado na Cidade. Nosso objetivo é oferecer um evento de qualidade, tanto em termos de estrutura quanto de programação”, explica.
Além dos espetáculos, acontecerão ainda oficinas e outras atividades, como o “Ateliê ao vivo”, realizado no fim de semana, no qual o público poderá entrar em contato com mestres mamulengueiros, como Zé Lopes. Outra atração aguardada do evento é o show “Música de Brinquedo”, da banda Patu Fu, que acontecerá no sábado, no Parque Treze de Maio, às 20h30.
Responsável pela abertura desta edição, a companhia carioca Pequod apresentará duas versões de uma mesma obra - uma infantil e uma adulta. Trata-se do clássico “A Sereiazinha“, do dinamarquês Hans Christian Andersen. Os espetáculos contam a história de uma sereia que, para se aproximar de seu amado mortal, faz uma troca com uma feiticeira: sua bela voz por um par de pernas (Ariel, é você?). Na repaginada para os maiores de 16 anos, o espetáculo assume tons sombrios, beirando o trágico.
Além do conto europeu, os espetáculos inspiram-se nas canções de Dorival Caymmi, como “Sargaço Mar” e “O Bem do Mar”, que serão interpretadas ao vivo. Para a montagem, o Pequod se inspirou no Teatro Aquático de Bonecos, técnica vietnamita.
Outro destaque desta edição é a presença dos japoneses da companhia Kakashi-za, adeptos do Teatro de Sombras. Eles apresentam o espetáculo “Sombras de Mão”, no qual criam silhuetas de figuras como animais utilizando as sombras projetas pelos movimentos das mãos. A montagem sobe ao palco do Teatro Santa Isabel amanhã, às 19h e às 21h. Na sexta, o grupo coreano Art Stage San encena “A História de Dellae”, no mesmo horário.