Pedro Paz
NE10
Esquivando-se de especulações acerca de manobras políticas em torno de importantes obras na cidade do Recife e Região Metropolitana, o arquiteto e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Múcio Jucá, apresentou na noite desta quarta-feira (31), no auditório do Centro Cultural dos Correios, os principais pontos a serem discutidos sobre o projeto do Governo do Estado Pernambuco e Prefeitura do Recife para a construção de quatro viadutos transversais em um das principais vias da cidade: a Avenida Agamenon Magalhães.
Na ocasião, o especialista apresentou o conteúdo e repercussões da carta intitulada “O governador e os viadutos”. O documento foi entregue ao governador Eduardo Campos no primeiro semestre deste ano, logo após serem divulgadas imagens do projeto da administração, a fim de esclarecer a preocupação da comunidade técnica com as prováveis falhas que o empreendimento pode causar na prática, como priorizar o transporte individual e público em detrimento à circulação de pessoas.
Parte do público chegou ao evento de bicicleta e não havia bicicletário na região, no bairro do Recife Antigo. Muitos deles também já participaram de outras iniciativas cidadãs, como o movimento Ocupe Estelita.
Detalhes do que foi discutido ainda não podem ser divulgados para o grande público por que a questão segue em trâmite com a administração do estado. Os slides da apresentação não puderam ser entregues aos repórteres presentes, assim bem como não foi possível a transmissão do evento por meio da internet. Contudo, conclusões já podem ser tiradas do processo: o conceito de mobilidade urbana vai além da possibilidade de gastar pouco tempo no trânsito de veículos; o investimento em transporte público e no espaço para circulação de pessoas deve ser feito na mesma proporção; e argumentos técnicos e pesquisas como o Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Recife são necessários e fundamentais para aperfeiçoar as intervenções no desenho da cidade.
A iniciativa agrega um grupo apartidário, formado por especialistas de áreas distintas e complementares. Fazem parte dele Clarissa Duarte, Lourdinha Nóbrega, Andrea Câmara, Tota Maia, Natalia Teixeira, Luiz Amorim, Lúcia Leitão, Leonor Maia, Ney Dantas, Ana Rita Sá Carneiro, Cristiano Borba, Sylvia Couceiro, Allan Monteiro, Antonio Jucá, Helenilda Cavalcanti, Germano Travassos, César Cavalcanti, Mauricio Pina e Fernando Jordão. Alguns deles estiveram presentes no debate.
Ainda que a finalidade da iniciativa não seja alcançada, ficou bastante claro que a proposta dos técnicos, antes de tudo, é disseminar a ideia de que é preciso reverter a lógica do planejamento urbano do Recife. Os problemas certamente são enfrentados por todos, de qualquer classe social, no cotidiano da cidade, entre eles congestionamento, precária manutenção das calçadas, iluminação pública ineficaz e ausência de espaços públicos sociáveis.