A Seca Contra a Bacia Leiteira de Pernambuco

Antônio Assis
0
Juliana Sampaio

A bacia leiteira representa cerca de R$ 1 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco. Essa potencialidade, assim como tantas outras do setor do agronegócio, está passando por dificuldades por conta da grande estiagem que vem atingindo a Região Nordeste. A falta de investimento em irrigação na área é um dos principais entraves que pioraram a situação. Mas a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) se uniram para correr atrás do prejuízo. Essa  semana, os gestores foram até o Ceará para conhecer de perto as tecnologias que têm impulsionado a produção de leite bovino, com o intuito de replicar o projeto nas terras daqui.


A ideia central é de que a partir da prática do projeto seja possível diminuir a dependência da produção de pasto sob regime de chuva, suprimindo a sazonalidade e agregando valor a cadeia produtiva do leite e, por consequência, ao segmento de laticínios. “Com isso teremos rentabilidade com qualidade de produção, além da regularidade da produção durante todo ano”, explica o secretário da Sara, Ranilson Ramos.



Atualmente, é necessário um hectare para que cada vaca leiteira produza, por dia, pelo menos cinco litros de leite. As pastagens irrigadas, entretanto, têm capacidade para receber até 20 vacas em uma mesma área, aumentando a produtividade diária para 15 litros de leite por animal. De acordo com Ramos, a proposta é de que, a priori, mil hectares sejam irrigados. O custo de irrigação é de R$ 15 mil por hectare. “Temos essedinheiro, pois fizemos agora pouco um contrato com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, antecipa.



Ainda segundo o gestor da Sara, a região que agrega a tribo Xucuru, no município de Pesqueira, no Agreste, será a primeira a receber o projeto. “Lá será nosso modelo, tendo em vista que hoje eles produzem cinco mil toneladas e queremos que o número suba para 15 toneladas com a produção irrigada”.



O presidente do IPA, Júlio Zoé, também enfatizou a relevância da produção de volumoso, por meio de irrigação, como reserva estratégica para o gado no período de estiagem. Para mostrar a potencialidade, Zoé fez o seguinte cálculo: uma colheita de 80 dias de milho forrageiro, com produtividade de 60 toneladas por hectare, é suficiente para sustentar 20 animais alimentando-se de 30 quilos, diariamente, durante 100 dias. “Isso representa uma excelente oportunidade para que os perímetros irrigados se diversifiquem, por meio da atividade leiteira, o que possibilita, ainda, a inclusão dos agricultores familiares no sistema, gerando mais emprego e receitas diárias”, disse.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)