Nobel Para Mo Yan Gera Polêmica e Elogios

Antônio Assis
0

JC Online

A premiação de Mo Yan foi recebida com alegria pelos órgãos do governo chinês, mas não ficou incólume a polêmicas. A seu favor se pronunciou o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista que comanda a China, através do seu site e o especialista em literatura chinesa entre os jurados do Nobel, Göran Malmqvist. “É uma das melhores escolhas que a Academia Sueca fez. Ele é brilhante”, disse.
O nome de Mo Yan, conhecido pela crítica ocidental como uma espécie de “Kafka chinês”, entretanto, foi questionado principalmente por sua relação com o regime chinês – ele ocupa a vice-presidência da Associação de Escritores Chineses, órgão literário oficial do país. “Há pessoas que dizem que ele não se afasta de poder”, diz Noel Dutrait, que traduziu o satírico The republic of wine, “mas, de qualquer maneira, ele escreve e diz o que pensa”. “Ele sempre se esforça para mudar seu estilo a cada novo romance”, ressalta Dutrait.

O autor até já foi censurado pelo governo em 1995, pelo livro Big breasts & wide hips, mas acatou a ordem e retirou a obra de circulação. Por isso, é apontado como um escritor alinhado ao regime, ainda que teça críticas sociais em suas narrativas. Uma das amostras disso é que, em 2009, ano em que a China foi homenageada na Feira de Frankfurt, Mo Yan boicotou o evento por não aceitar a presença de nomes banidos pelo regime.
Ao jornal português Público, o artista plástico dissidente chinês Ai Weiwei contestou a escolha. “Dar este prêmio a um escritor que conscientemente se dissociou das lutas políticas da China de hoje? Acho que é quase intolerável”, disse. Para muitos críticos, a premiação foi uma forma da Academia Sueca se reconciliar com o governo chinês, que sempre protestou contra a escolha do dissidente (agora naturalizado francês) Gao Xingjian.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)