Sem Lixeiras nos Ônibus, Usuários Jogam Lixo Pela Janela

Antônio Assis
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Marina Falcão
Folha-PE

A Lei Municipal 16.536/99 (Recife) dispõe sobre a obrigatoriedade de recipientes para coleta de lixo nos veículos que prestam serviço público de transporte de passageiros. Em seu primeiro artigo, é frisado que “as empresas de transporte coletivo urbano e similares, que trafegam na cidade, devidamente regularizadas, ficam obrigadas a manter em seus interiores recipientes para a coleta de lixo”. Porém, observar objetos sendo descartados pelas janelas de transportes coletivos já é quase considerado comum na Região Metropolitana do Recife (RMR), como flagrou a Folha de Pernambuco. São plásticos, papéis, garrafas PET e até mesmo cocos. E a falta de lixeiras dentro da maioria dos ônibus vem trazendo esse resultado negativo, não só nas ruas do Grande Recife, mas também dentro dos próprios veículos, causando desconforto aos passageiros.

“Quando tem lixeira, ou ela está quebrada ou muito lotada. Não gosto de jogar lixo na rua. Então, quando como alguma coisa dentro do ônibus tenho que ficar guardando até chegar em casa. Vejo muita gente jogando lixo fora do ônibus, jogando até latinha, podendo causar acidentes. Acho que se tivessem lixeiras dentro deles, esse tipo de coisa não aconteceria”, pontuou a estudante Jéssica Souza, 21, que usa os transportes coletivos diariamente. A também estudante Maria Eduarda Lopes, 20, afirma que é fundamental a presença de lixeiras nos ônibus. “Com essa ausência, as pessoas acabam jogando na rua. Como não tem uma lixeira dentro do ônibus? É fundamental ter ao menos uma instalada. Todo mundo come e não tem onde jogar. Dentro deles tem muito papel de bombom, chiclete, essas coisas. Nunca entrei em ônibus que tinha lixeira”, relatou.

No Grande Recife, são cerca de três mil ônibus cadastrados, que operam por 390 linhas, circulando todos os dias. Poucos deles possuem cestas de lixo instaladas, e precisam atender a demanda de despejo de mais de dois milhões de passageiros diários. Esses dados preocupam o diretor de Limpeza Urbana da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), Rodrigo Brayner. “A gente tem uma série de problemas provocados por isso (ausência das lixeiras nos ônibus). É um fator contribuinte para o entupimento das galerias, redes de drenagem e canais, causando os alagamentos que são a principal consequência. O lixo vai todo para o chão, o que, além de tudo, afeta no visual da Cidade. Tem ruas que temos que varrer sete vezes por dia. Ninguém quer entrar num local totalmente sujo. É feio para gente que mora aqui e para os turistas”, ressaltou o gestor.

O Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) informou, através de nota enviada à Imprensa, que a equipe de fiscalização do órgão realiza um trabalho diário de vistoria nos veículos dentro das garagens das empresas operadoras e na saída dos terminais integrados. “O não cumprimento das exigências acarreta multa para a empresa, bem como o recolhimento do veículo para conserto, o que gera perda de pontos na avaliação anual referente à qualidade do serviço de transporte público prestado pelas operadoras”, diz o documento.

Além disso, segundo o GRCT, a campanha “Gentileza faz a diferença” é realizada. As ações têm como propósito conscientizar o usuário de seu dever para com a preservação dos bens públicos de uso coletivo. O órgão ainda pede para que os usuários denunciem caso presenciem coletivos sem lixeiras em circulação através da Central de Atendimento (0800.081. 0158). O máximo de informações possíveis devem ser fornecidas aos atendentes como linha, empresa, número de ordem do veículo, dia e horário.

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