SÃO PAULO — A aproximação entre o técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, e o levantador Ricardinho, começou logo após a decisão da Superliga, quando o jogador do Vôlei Futuro foi superado pelo time do Sada Cruzeiro, há uma semana. Seu nome foi incluído numa pré-lista com 25 jogadores para a Liga Mundial. Mas, a esperada conversa com o treinador, algo que não acontecia desde o corte para o Pan-americano do Rio, em 2007, ainda era sonho. E foi acontecer na última quinta-feira, num saguão de hotel, em São Paulo. Ali estava sacramentada a volta do melhor jogador na posição ao time do Brasil.
— Fui ao encontro dele. Falamos pouco, do presente e do futuro, como estava a rapaziada, essas coisas. Ele tem aquele jeitão, mais na dele. Mas foi emocionante. Era mais um encontro para trocar olhares, se sentir novamente. Parece que abrimos uma caixinha, porque veio muita coisa à cabeça. Me senti aliviado e seguro, era uma pista de que poderia ficar entre os 18 inscritos para a Liga Mundial. A partir daí, passei a focar nesse sonho de vestir a camisa do Brasil de novo, de me ver em quadra. Agora, o alívio deu lugar a felicidade. Porque alívio é esvaziar o coração. E eu estou com o coração cheio, gostoso isso — descreveu Ricardinho, que se apresenta aos treinos em Saquerema na próxima terça-feira.
— Sempre quis ter uma conversa com o Bernardo independentemente de convocação. Éramos muito próximos. Não se constrói tanta coisa rápido demais, assim como não se destrói tanta coisa rápido demais. Esse papo mais longo vai rolar agora nas loucas viagens para os jogos da Liga Mundial. Estava com saudade de ir para lá e para cá.
A primeira parada da seleção brasileira na Liga Mundial será no Canadá, nos dias 18, 19 e 20 de maio. De lá, a equipe seguirá para Katowice, na Polônia, onde joga dias 1º, 2 e 3 de junho. Na terceira fase, a seleção atuará em casa, em São Bernardo do Campo, dias 8, 9 e 10 de junho. O Brasil está no grupo B, ao lado de Canadá, Finlândia e Polônia.
Terminar como deveria
O levantador, campeão olímpico com Bernardinho em Atenas, em 2004, foi convocado para a Liga Mundial e estava entre os 25 inscritos. Até então, não tinha garantia alguma que jogaria de novo pela seleção. Era preciso figurar na lista final. E essa lista foi confirmada pela Confederação Brasileira de Vôlei na noite da última sexta-feira. Em 2010, Ricardinho chegou a ser lembrado entre os 25, mas sequer treinou com o grupo.
— Eu estava dirigindo quando os donos do Vôlei Futuro me ligaram no celular. Encostei o carro e atendi o telefone. Estava com a minha esposa, resolvendo coisas do dia a dia, em Araçatuba (SP). Agradeci pelos parabéns que me deram mas estava meio sem saber o que era. Entrei na internet para ver a lista completa, quem tinha ficado... Fiquei pensando um tempinho, meio calado. Eu e a Fabi voltamos para casa ainda calados, até cair a ficha — contou Ricardinho, que, ao final da Superliga, dizia que não tinha esperanças de voltar à seleção para esse ciclo olímpico, de Londres.
Admitiu que não sabe o que mudou “na cabeça de Bernardo” e que quer terminar sua história na seleção “como deveria ser”.
— Não sei se foi perda de tempo esse nosso afastamento, cinco anos. Acho que deveria ter acontecido. E também aprendi muito. Mas sempre achei que não era para eu ter saído do jeito que foi. Não podia terminar (sua história na seleção) desse jeito. Agora vai ser como deveria ser – promete Ricardinho, que quer avançar aos poucos. — Primeiro quero treinar de novo com o grupo, colocar o uniforme. Tenho de deixar Londres um pouco mais para frente. Claro que agora me imagino lá, numa Olimpíada de novo. Estou tendo a oportunidade de voltar à seleção e também reconquistar meus amigos. Não vou deixar passar nada. Sou muito coração e farei isso o mais rápido possível.
Agência O Globo