Com o objetivo de valorizar e transmitir os saberes ancestrais das parteiras tradicionais, o projeto “As Àyabás e a Maternidade – Reprodução e Salvaguarda dos Saberes das Parteiras Tradicionais”, abriu inscrições até o dia 31 de agosto, para nova turma de formação gratuita em doulas e oferece 30 vagas exclusivas para mulheres residentes em Paulista, que tenham concluído o ensino médio.
O projeto foi aprovado no Edital Municipal da Lei Aldir Blanc de Paulista e representa um marco para a valorização dos saberes tradicionais, além de contribuir para uma assistência ao parto mais humana, inclusiva e culturalmente enraizada. Atividade tem o apoio das Secretarias de Saúde, Desenvolvimento Social, Políticas Sobre Drogas e Direitos Humanos; e da Secretaria Executiva da Mulher.
As aulas começam em setembro e terão duração de dois meses, totalizando 150 horas/aula em sete módulos, distribuídos em 22 encontros. A formação será realizada nos terreiros de matriz afro-indígena Ilè Àsé Ògún Toperinã e Ilê Asé Iyá Mi Akunlè Akoloiyá – Casa das Duas Rainhas, em Nossa Senhora da Conceição (Paulista-PE), além de atividades online. Todas as vivências contarão com intérprete de Libras, reforçando o compromisso com a inclusão. As inscrições podem ser realizadas através do link: https://docs.google.com/forms/d/1VTdj9U5dPnnf57jf91AePCpyxWzTxcFM_o136Zhaguw/edit?chromeless=1 .
O curso é totalmente gratuito e certificado. Para concluir a formação, será exigida frequência mínima de 75%. Ao final, as participantes estarão aptas a atuar como doulas autônomas, ampliando possibilidades de geração de renda e de transformação social em suas comunidades.
O nome do projeto faz referência às Àyabás, termo em yorubá que significa “rainhas” e denomina as Orixás femininas como Oxum, Iemanjá, Iansã, Nanã, Obá e Ewá. Essas divindades simbolizam a força da maternidade, da fertilidade, da cura e da ancestralidade feminina. Assim como as parteiras, são guardiãs da vida e do equilíbrio, transmitindo saberes de geração em geração.
Segundo a idealizadora, a produtora cultural, educadora social e mestranda em Direitos Humanos pela UFPE, Nathalia Bringel, o projeto une sabedoria ancestral e formação profissional. “Queremos empoderar mulheres para oferecer cuidado digno e respeitoso a corpos que gestam, contribuindo para o enfrentamento da violência obstétrica e para a valorização das tradições de matriz africana”, destacou.
Em outubro, as alunas participarão de rodas de gestantes em USFs e CRAS do município, além de uma imersão prática de dois dias em uma chácara. O estágio supervisionado em hospital ou Centro de Parto Normal completará a carga horária.
Um dos pontos altos será a vivência prática com a parteira tradicional Edileusa Silva, reconhecida como Patrimônio Vivo do Recife, que transmitirá técnicas e rituais ancestrais do partejar.
Fotos: Eduarda Pavoa