Pesquisadores da UFPE participam de estudo internacional sobre desmatamento e degradação de florestas tropicais

Antônio Assis
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Estudo demonstra que espécies de rápido crescimento e sementes pequenas estão dominando florestas brasileiras em regiões com altos níveis de desmatamento e degradação

Três pesquisadores ligados ao Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) participaram de um estudo internacional sobre desmatamento e degradação de florestas tropicais, no qual eles falam sobre espécies vencedoras e perdedoras e o empobrecimento funcional dos ecossistemas. Os professores Felipe Melo e Marcelo Tabarelli, do Departamento de Botânica, e Bruno Pinho, que foi estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal (PPGBV) da UFPE e atualmente cursa pós-doutorado na Universidade de Berna, na Suíça, estão entre os autores do artigo publicado na revista científica Nature Ecology & Evolution, intitulado “Winner-loser plant trait replacements in human-modified tropical forests”.

O estudo demonstra que espécies de árvores de rápido crescimento e sementes pequenas estão dominando florestas brasileiras em regiões com altos níveis de desmatamento e degradação. “A transformação de ecossistemas naturais em paisagens antrópicas pode levar à proliferação de algumas espécies e à perda de várias”, inicia Bruno, antes de apresentar as características da pesquisa: “Nós investigamos mecanismos e consequências funcionais dessa substituição de espécies vencedoras-perdedoras em seis regiões neotropicais nas florestas Amazônica e Atlântica no Brasil, utilizando uma abordagem de inferência causal. Com base em extensos dados florísticos e atributos funcionais de 1.207 espécies de árvores em 271 fragmentos de floresta, nós revelamos que a perda de floresta em escala de paisagem leva a um aumento consistente na dominância de árvores com baixa densidade de madeira e pequenas sementes que são ingeridas e dispersas por pequenos pássaros e morcegos que persistem em paisagens antrópicas”.

“Estas mudanças estiveram associadas à perda de espécies com estratégias ecológicas distintas, como árvores com madeiras extremamente densas e grandes sementes que são carregadas (mas não ingeridas) por grandes vertebrados, os quais tendem a ser extintos com a perda de habitat em paisagens antrópicas. Perturbações antrópicas em escala local, como queimadas e extração ilegal de madeira, intensificaram esses efeitos da perda de floresta, enquanto que a configuração espacial dos remanescentes florestais nessas paisagens não apresentou efeitos consistentes. Esses resultados sugerem que a perda e degradação de florestas tropicais leva a um empobrecimento funcional de florestas remanescentes em paisagens antrópicas”, explica o pesquisador.

O pesquisador comenta as consequências da mudança nas florestas: “Isso tem importantes implicações para a prestação de serviços ecossistêmicos para populações humanas – a proliferação de espécies de árvores de rápido crescimento e sementes pequenas normalmente se relaciona a declínios na produtividade e capacidade de armazenamento de carbono dessas florestas, enquanto que a perda de grandes sementes dispersas por sinzoocoria deve alterar interações fauna-flora e influenciar o potencial de regeneração dessas florestas”.

Os autores do estudo destacam a necessidade urgente de conservar e restaurar florestas tropicais, prevenir a degradação e implementar medidas para proteger e aumentar as populações de grandes aves, como tucanos, e mamíferos, como macacos-aranha, que dispersam as sementes das espécies “perdedoras” de árvores grandes e de crescimento lento. A pesquisa recebeu financiamento do Natural Environment Research Council (NERC) - UKRI e do CNPq.



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