Blog do Magno Martins
Há muito, o Ceará passou uma rasteira em Pernambuco. Tudo começou, na verdade, com a instalação da gestão empresarial do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), continuada por Ciro Gomes e hoje ainda nas mãos do mesmo grupo, embora o governador Camilo Santana seja do PT. Vem de lá, em meio ao sofrimento e as angústias da pandemia, uma notícia alentadora para um segmento devastado pela crise sanitária: a classe artística.
Em um ano, milhares de espetáculos foram interrompidos no mundo. Museus, teatros e centros de artes fechados. Assim como outras áreas, a artística foi bastante atingida pela pandemia do novo coronavírus, tanto que a estimativa de prejuízo gira em torno dos bilhões de dólares. As instituições culturais permanecem em um padrão perigoso de crise e enfrentam um futuro profundamente incerto.
Mesmo que alguns Estados viessem a tomar medidas provisórias de reabertura, o agravamento da doença, nos últimos meses, com milhares de pessoas morrendo, dificultou. O saldo é terrível: diversas casas de shows fechadas, espetáculos fantásticos como a Paixão de Cristo, de Nova Jerusalém, suspensos, tudo, enfim, vivendo um imenso naufrágio de incertezas, sem que se abra no horizonte a luz da esperança no final do túnel.
No Ceará, entretanto, o governador Camilo Santana, mesmo radical nas medidas restritivas, sendo o primeiro a decretar lockdown, estendeu a mão aos artistas em geral. Além de criar uma bolsa emergencial de R$ 500, fechou uma parceria com a Associação dos Supermercados do Estado para que artistas e músicos possam se apresentar durante o dia de vendas, com cachês pagos pelos donos dos referidos estabelecimentos.
Algo inédito e sensacional, que dá uma aliviada numa categoria que está à mingua, sem ter alternativas para sobreviver. Permanece fechada sem nenhuma data de reativação ainda definida. Maria Fulfaro, gerente de marketing do Broward Center for the Performing Arts em Fort Lauderdale, em depoimento sobre o impacto econômico e os desafios para a área cultural, se referiu a uma perda só em venda de ingressos em torno de US$ 42.5 bilhões no mundo, de acordo com estudo do Brookings Institution.
"O impacto da Covid-19 nas artes é imenso, pois ele interrompeu a produção que gera receita, prestígio e conteúdo e que faz com que a atividade seja mantida. Essa pandemia está muito mais longa do que se previa no começo. Corre o risco de ela desabituar o público, que pode demorar para se sentir confortável a participar de eventos, teatros e manifestações culturais que tenham aglomerações. Acredito numa ruptura nos padrões de consumo cultural de alguma forma", disse.
Futuro incerto – Segundo ela, na indústria dos performing arts que recebem os grandes espetáculos de dança, concertos, óperas e Broadway, como os do sul da Flórida que são o Broward Center for the Performing Arts, em Fort Lauderdale, o Adrienne Arsht Center for the Performing Arts em Miami e o Kravis Center em Palm Beach, o impacto é imenso, mas estão todos se reestruturando para uma retomada. Só não se sabe quando.
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Proteção social – Segundo o secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba, o auxílio financeiro é um mecanismo importante de proteção social. Atende músicos que fazem a cena artística nos espaços alternativos e bares das cidades cearenses, os humoristas que movimentam as casas de shows ou mesmo os artistas circenses em situação de extrema vulnerabilidade. “Este é o público alvo deste auxílio financeiro. Ao tempo que é uma ação de proteção social, apresenta-se também como um mecanismo de animar esses trabalhadores e artistas que atuam nas redes dos eventos culturais e sociais de nosso Estado”, afirmou.