Mariama Correia
Folha-PE
O metalúrgico Marcos Ferreira da Silva tem 56 anos de idade, 30 anos de contribuição com o INSS e uma preocupação lhe tira o sono: a reforma da Previdência. É que para quem dedicou uma vida ao trabalho, acalentando sonhos do merecido descanso remunerado quando o tempo de amarrar as chuteiras chegasse, as notícias de que tudo pode mudar no final do segundo tempo assustam. E foi essa insegurança que o levou a dar entrada no pedido de aposentadoria mais cedo do que ele mesmo imaginava.
“A gente se apressa, corre para se aposentar mesmo sabendo que pode perder um pouco”, comentou depois de sair do atendimento da agência do INSS da Avenida Mário Melo, no começo desta semana, em Santo Amaro, no Recife. Como a atividade que ele desempenhava é considerada insalubre, Ferreira da Silva pode conseguir acesso ao benefício mesmo não tendo atingido as exigências das regras atuais (65 anos para aposentadoria por idade no caso dos homens ou 35 anos de contribuição).
Mas ele não era o único preocupado com a tal reforma a procurar a agência do INSS em Santo Amaro, na última semana. Poucas horas conversando com as pessoas que saem do atendimento da unidade especializada em aposentadorias são suficientes para ouvir relatos semelhantes. Por receio das novas regras, muitas pessoas estão antecipando a aposentadoria ou procurando as agências do INSS para esclarecer dúvidas. E já é possível reconhecer esse movimento nos números.