Livro sustenta que república nunca se consolidou no Brasil

Antônio Assis
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Ulysses Gadêlha
Folha-PE

Em 2017, o Brasil comemora 128 anos de proclamação da República, quando a nação troca a figura do monarca e o Estado passa a ser conduzido pelos três poderes. Contudo o consultor Paulo Roberto Cannizzaro escreveu um livro, que será lançado, esta quinta (25) no Recife, refutando o fato histórico. Nas 508 páginas do título “Uma República Adiada”, Cannizzaro explica porque os fundamentos republicanos nunca foram alcançados no País. Ele convoca os leitores a uma reflexão que mescla o dever de memória nacional e de depuração da conjuntura política atual, de profunda crise. 

"Uma República Adiada" é o primeiro livro de uma trilogia a qual Cannizzaro se dedicará, onde também serão abordados a crise dos sistemas democráticos e o problema da judicialização da política. Procurando ser explicativa por meio de notas de rodapé que situam o leitor no contexto histórico, a narrativa também não perde o fôlego na aventura histórica. 

Na visão do autor, que é consultor, advogado e bacharel em ciências contábeis, o país vive uma crise de Estado, comungada durante a passagem de todos os seus governantes. Os sintomas para esse impasse nacional são a falta de identidade ideológica, o sistema partidário fragmentado e a necessidade de reformas estruturais - na Previdência, no sistema tributário e na política - que devolveriam a soberania popular ao seu verdadeiro dono, o povo.

O autor defende que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o discurso de "Fora Temer" ou não traduzem estabilidade política, porque o problema está na gênese da formação da República. “Estamos vivendo a crise do Estado. Não é um ‘fulano de tal’ novo que vai chegar e resolver tudo, de forma messiânica. É preciso uma reforma do estado completa”, acredita o consultor. O livro se desenvolve à luz da filosofia de Edmund Burke, o autor da frase "um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la".

O consultor explica que a proclamação não provocou uma mudança radical na vida nacional, uma vez que o país só se desvinculou dos vícios da Monarquia entre os anos de 1930 e 1980, quando teve um salto de desenvolvimento. “Nesses 50 anos, nós perdemos a noção de ser um país agrário, nos transformamos numa potência em termos de democracia, nos tornamos uma das maiores economias do mundo, produzimos o crescimento urbano e passamos a ser competentes na indústria”, sublinha.

Serviço
Uma República Adiada
Paulo Roberto Cannizzaro
Chiado Editora
Lançamento: Livraria Cultura do Paço Alfândega, 18h
508 páginas

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