Nos últimos meses de maio, junho e julho, desemprego atingiu mais 198 mil pernambucanos.
Foto: Agência Brasil
JC Online

Vicente vem sentido os efeitos da crise desde o início de 2016, quando foi demitido do cargo de motorista que ocupava há mais de quatro anos. De uma renda mensal fixa de R$ 1,5 mil, passou a receber uma ajuda do avô de cerca de R$ 500. Enquanto se esforça para terminar a faculdade de enfermagem, faz bicos. “Tenho certeza que as coisas vão melhorar. Fiz um curso de condutor de emergência (custeado pelos familiares) e estou confiante que conseguirei uma vaga na área”, almeja Vicente.
Segundo o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, os números de Pernambuco (e os do Rio de Janeiro, que ficou com a 2ª taxa mais alta – 15,6%) estão na contramão da tendência observada no resto do Brasil, em que há sinais de estabilização do mercado de trabalho neste ano. “Se observarmos os números, vemos que a tendência de alta de Pernambuco vem acontecendo desde o 2º trimestre de 2016, quando ficou em 14%. No primeiro trimestre deste ano o resultado foi de R$ 17,1%”.
DESMOBILIZAÇÃO
Para o professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcelo Eduardo, embora o resultado tenha sido alto, ainda não é o momento para desespero. “Temos que levar em consideração que essa tendência de alta no Estado está relacionada à desmobilização de Suape (obras da Refinaria Abreu e Lima e do Estaleiro Atlântico Sul, sobretudo) e à crise em toda a cadeia da construção civil”, afirma.
O cenário é pincelado por Azeredo. Segundo ele, o levantamento do IBGE mostrou que o setor foi o segundo que mais demitiu no período analisado: 24 mil pessoas. O segmento que mais demitiu no Estado foi o da agricultura, item não observado em outras regiões. Entre maio e junho, o setor demitiu 33 mil pessoas. “Ainda estamos analisando esse dado para saber se foi algo sazonal, por causa de alguma entressafra, ou se será algo perene. Vamos avaliar os próximos resultados”, adianta Cimar Azeredo.