A nova geração conservadora

Antônio Assis
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Em sala de aula, professores têm notado certa reatividade de alguns alunos aos assuntos ligados às causas sociais
Ilustração: Thiago Lucas/Editoria de Artes do JC

JC Online

"Criou-se a ideia de que educação é um direito de toda criança. Engano." Para defender o ponto de vista de que a educação universal era um pensamento absurdo, um aluno do professor de redação Alex Inácio escreveu este posicionamento em um de seus textos. A frase colocou o professor em um dos momentos mais desafiadores da carreira. Com sete anos de sala de aula ensinando técnicas da escrita para mais de mil alunos em três municípios diferentes (Recife, Olinda e Caruaru), o educador foi frontalmente questionado pelo aluno, que duvidou da capacidade de correção e o acusou de ter tido uma posição ideológica.

O caso descrito não é isolado e tem acendido um sinal de alerta na rotina de professores que lidam com jovens do Ensino Médio. Na análise de quem precisa enfrentar a sala de aula e transmitir conteúdos mais atuais, principalmente ligados à política, direitos sociais e humanos, nota-se um misto de intolerância e extremismo quando a discussão é em torno de temas sociais, pela associação que alguns alunos fazem com as políticas de esquerda.

"Lembro que disse ao aluno que sua opinião era uma agressão aos Direitos Humanos, o que poderia levar à nota zero. Ele discordou alegando que era a posição dele, e que a ideia construída era de que a criança tem o dever de procurar se educar", contou Alex. O tema da redação era Educação no Brasil.

Para o professor de redação, o temor não é pela discordância, mas pelo radicalismo. "O Enem quer a reflexão sobre novos conflitos que vão surgindo, mas muitos se recusam a fazer por acharem que os temas são tendenciosos ou esquerdistas", explica.

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