Helena Chagas
Os Divergentes
Os mísseis de Donald Trump na Síria salvaram Michel Temer das manchetes de hoje, mas o governo vai ter que rebolar nas próximas semanas para se livrar da armadilha que criou para si mesmo. Afinal, o Planalto construiu uma narrativa que cola de tal forma a aprovação da reforma da Previdência à própria sobrevivência que vai acabar tendo que aceitar qualquer coisa que venha do Congresso e chamá-la de reforma.

Errado: a esta altura do campeonato, qualquer reforma é melhor do que nada, e o governo vai ter que engolir a minireforminha que o Congresso resolver aprovar. Os cinco pontos nos quais o Planalto resolveu ceder são totalmente razoáveis, até porque corrigem injustiças do projeto inicial com a camada mais fragilizada da população. Mas é preciso entender que, aos ohos do Congresso, essas mudanças são apenas o início. O governo piscou, e mostrou que, com sua baixa popularidade, perdeu aquela situação em que controlava totalmente o Legislativo. A dura realidade das pesquisas se impõe.
Deputados e senadores com encontro marcado com as urnas no ano que vem é que vão dar as cartas da Previdência agora, e por aí já se deduz que ela será completamente desossada. Para Michel Temer, porém, é preciso ter algo para chamar de reforma para sobreviver até lá.