Folhapress
O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o julgamento da ação que vai decidir o futuro do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).
A ação, impetrada pelo DEM, pede que o STF reconheça que não é necessário que a Assembleia de Minas dê aval para que o governador seja processado criminalmente. O partido contesta argumentos da defesa de Pimentel, que alega que o governador só pode virar réu com aval dos deputados -procedimento que prevalece em outros Estados, mas não é previsto na Constituição de Minas Gerais.
Caso vire réu em ação penal, Pimentel correria o risco de ser afastado do governo.

ACRÔNIMO
Pimentel foi denunciado duas vezes por corrupção passiva pela PGR (Procuradoria-Geral da República) na Operação Acrônimo. A denúncia acusa o governador supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, após investigação sobre a relação do petista com o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené.
Segundo a investigação da Polícia Federal, a Caoa pagou R$ 2,1 milhões a duas empresas de Bené, que teria intercedido junto a Pimentel para beneficiar a montadora quando o hoje governador era ministro do Desenvolvimento. O governador nega ter cometido irregularidades.
Quando a denúncia chegou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), foro de governador, os ministros enviaram o caso para a análise da Assembleia de Minas. Os deputados chegaram a iniciar o debate sobre o tema, mas o DEM recorreu ao Supremo e a tramitação foi interrompida. O governo tem ampla maioria na Casa.
O caso tinha voltado à pauta do STF nesta quinta (2). Cinco ministros entenderam que a Assembleia não precisa dar aval para que o governador seja processado. Ou seja, caberia ao STJ decidir se a denúncia deve ou não ser aceita, e não à Assembleia Legislativa de Minas.
Votaram neste sentido o relator Edson Fachin e os ministros Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio, Rosa Weber e Luiz Fux. Os outros ministros ainda não votaram no mérito da questão.
Procurada, a defesa de Pimentel diz que "essa ação é uma clara manipulação da lei" e que o tema não deveria ser julgado em uma ação direta de inconstitucionalidade.
"Registra que o PGR (Procuradoria-Geral da República) e a Advocacia-Geral também foram no sentido de não se conhecer da ação, por reconhecerem a sua inaptidão", diz o advogado Eugênio Pacelli. "Esperamos que a decisão final da Corte seja exatamente nessa direção, seguindo a tradição de Justiça que sempre a orientou."