Pernambuco terá unidade de conservação exclusivamente marinha

Antônio Assis
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Espaço contempla o estuário do rio Maracaípe, ao norte, em Ipojuca, e Tamandaré, ao sulFoto: Arthur de Souza

Priscilla Costa
Folha de Pernambuco

Pernambuco terá a sua primeira unidade de conservação exclusivamente marinha: a Área de Proteção Ambiental (APA) Recifes Serrambi. A área proposta para ser transformada em APA marinha tem 78 mil hectares - quase o mesmo quantitativo em campos de futebol - e tem como limites, ao norte, o estuário do rio Maracaípe, em Ipojuca e, ao sul, Tamandaré, inserida na APA Federal Costa dos Corais. A extensão corresponde a aproximadamente 18 milhas náuticas (33 km), tendo em seu entorno os municípios de Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso e Tamandaré.

A ideia da proposta, a ser apresentada nesta sexta-feira (31), durante reunião do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), é proteger o ambiente e não prejudicar os usos sustentáveis da área, hoje vulnerável a diversos conflitos ambientais. A reunião ocorre às 9h, na sede da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), no bairro dos Aflitos, Zona Norte do Recife.

A categoria Área de Proteção Ambiental (APA) é uma unidade de conservação de uso sustentável, ou seja, compatibiliza atividades humanas de forma que não afete diretamente os recursos naturais. Assim, dentre as categorias de Uso Sustentável, transformar o território em APA se mostrou a mais adequada. É o que justifica o secretário-executivo da Semas, Carlos André Cavalcanti.

“Considerando o uso desordenado e a fragilidade do ambiente marinho, faz-se importante transformá-lo em unidade protegida. Mas, como há atividades pesqueiras, de turismo e lazer ficaria inviável propor uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, ou seja, que restringisse todo e qualquer uso. Não é vetar atividades, mas ordenar os usos nessas áreas.”

O pisoteamento excessivo sobre os recifes de corais e os mergulhos em áreas que deveriam ter maior proteção, aponta Cavalcanti, são alguns dos problemas recorrentes. Segundo ele, essa pressão sobre ambientes marinhos afeta a regeneração da fauna e flora. “À medida que se tem menos corais, a biodiversidade marinha diminui. Recifes de corais são verdadeiros banquetes de alimento e abrigo para muitos peixes”, comenta. As ações a serem desenvolvidas pela gestão estadual e que nortearão a melhor forma de manejar os recursos naturais serão incluídas num plano de manejo.

O documento obrigatório quando criada uma unidade protegida, estabelece as normas e as restrições para o uso. “Uma das ferramentas mais importantes do plano é, justamente, o zoneamento da UC. É essa parte que organiza espacialmente em zonas sob diferentes graus de proteção e regras de uso e ocupação. O mergulho, por exemplo, será permitido. Mas, não em toda a APA, pois nela estará inserida áreas prioritárias de conservação”, detalha o gestor.

Corredor ecológico
Porém, não foi só o uso desordenado da área que levou a gestão estadual a escolher propositalmente o espaço. O limite sul da futura APA Marinha fará conexão com a parte da praia de Tamandaré. Por estar inserida na APA Costa dos Corais, essa ligação entre as unidades protegidas pode ser definida como corredor ecológico. Com mais de 413 mil hectares de área protegida, a APA Costa dos Corais é gerida pela União e abrange oito municípios em Alagoas e três em Pernambuco.

“É essa ligação que se tornará bastante importante para manter a diversidade, os estoques de peixes e a resiliência ecológica. Os estudos foram bem estratégicos para apontarmos o local certo”, afirma Cavalcanti.

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