Kleber da Silva carrega bonecos em Olinda há 25 anos
Foto: Sumaia Villela
Agência Brasil

Sem esses profissionais, o boneco fica sem vida, uma estátua sorridente como uma lembrança de outros carnavais. Ao colocar o gigante na cabeça, o personagem toma o espaço, ganha a altura de 3 a 4 metros, rodando seus braços livres e dançando com a multidão. O trabalho, segundo Kleber, exige talento e dedicação. “Dançar com o boneco tem que ter muito equilíbrio e força de vontade. Porque botar na cabeça não é para todos, não. Tem que ser bom. Precisa de segurança e gostar mesmo, de coração”, ensina.
O olindense, morador no bairro de Guadalupe, começou a lida de bonequeiro ainda criança. Há 25 anos assumiu a função com esses personagens. Posteriormente, foi trabalhar com Sílvio Botelho, artista plástico que organiza o encontro e construiu muitos dos ícones dos bonecos gigantes, como o Menino da Tarde. Ele faz dupla com o leiturista José Nelson de Assis dos Santos, de 28 anos.
"Ambos levam o boneco homenageado do encontro, a cada ano. Nesta edição é o Palhaço Chocolate. No desfile do último domingo, o leiturista apoiou o colega como guia, por causa do campo de visão limitado. “Quando estou do lado de fora, fico pegando água, dando resistência, guiando, abanando por causa do calor”, segundo Nelson.
E haja resistência. Em duas a três horas de trajeto, os 15 quilos do início do trajeto se transformam em 30/50 quilos, segundo a dupla. Apesar disso, os bonequeiros consideram uma honra realizar a proeza. “Não tem como explicar o que eu sinto”, diz Kleber. O trabalho é sério, mas não precisa ser chato. É o que ensina o estoquista bonequeiro abre alas do Encontro dos Bonecos Gigantes de Olinda: “Eu levo na diversão”, ri, antes de sair dançando ladeira abaixo.