Com 480 votos, Tancredo Neves venceu a última eleição indireta do Brasil e encerrou o período militar
Foto: Célio Azevedo/Fotos Públicas
JC Online

Depois, começou a votação. De pé, em público, os delegados declaravam oralmente o voto em um dos candidatos ou pela abstenção. A escolha por um nome não inscrito contava como voto nulo. E a regra proibia que se mudasse o voto depois que o delegado seguinte fosse chamado. Primeiro, votaram os integrantes da Mesa Diretora. Depois, quebrando o protocolo, o deputado Evaldo Amaral, de Santa Catarina, cujo um irmão havia falecido naquela manhã. Em seguida, os demais votantes eram chamados em ordem alfabética, a partir dos estados do Norte para os do Sul, começando pelos senadores.
PERNAMBUCO
Pernambuco foi o décimo estado a ser chamado. Deu cinco votos para Maluf e 28 para Tancredo. Um pernambucano se absteve, o deputado Nilson Gibson, do PDS. Como representante do Legislativo estadual, Fernando Bezerra Coelho participou daquele Colégio Eleitoral. Votou no candidato do PMDB. Hoje senador, ele seria um dos integrantes de um Colégio Eleitoral atual. “O voto popular, livre e direto é sempre o melhor caminho”, lembra. Para o senador, a gestão Temer tem feito um enorme esforço para que o Brasil volte a crescer e gerar empregos e precisa continuar trabalhando. “Esta possibilidade de eleição indireta, um ano e meio antes do pleito marcado para 2018, creio que esteja descartada.”
Venceria quem tivesse maioria absoluta, ou mais da metade do total de integrantes do colégio eleitoral, incluindo o número de ausentes. O presidente eleito tomaria posse dois meses depois, em 15 de março. Tancredo teve 480 votos. Maluf, 180. Às 12h30, a sessão foi encerrada. Desde então, o povo brasileiro sempre teve o direito de escolher na urna, pelo voto direto, quem iria governá-lo.