Nas eleições de 2018, duas vagas para o Senado estarão sendo renovadas em cada Estado da Federação. Em Pernambuco encerram seus mandatos os senadores Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT), ambos eleitos na chapa do ex-governador Eduardo Campos (PSB) em 2008. Já vindo de um mandato bem-sucedido, Eduardo puxou pela sua força indiscutível os dois representantes para a Casa Alta.
Eleição de Senado não se traduz pela potencialidade do candidato. É medida pelo prestígio do cabeça de chapa, o candidato a governador. Exemplos disso existem aos montes. Em 1986, mito e quase beatificado pelo exílio, Miguel Arraes arrastou o usineiro Antônio Farias e o padre Mansueto de Lavor. Fez o milagre de tirar o Senado das mãos do ex-governador Roberto Magalhães, que largou na frente apresentando-se quase que imbatível aos olhos de muitos.

As eleições de 2018 se abrem em Pernambuco com um cenário para o Senado que foge à esta regra. Candidato à reeleição, o governador Paulo Câmara (PSB) não possui a força, hoje, dos ventos uivantes para puxar os dois senadores. Como escrevi na coluna de sábado passado, tem pela frente o desafio de mostrar nos próximos dois anos a que veio. Seu governo não tem charme, é insípido e inodoro.
Para a sua chapa ao Senado já existe um nome praticamente certo: o deputado Jarbas Vasconcelos, indicado pelo PMDB. A segunda vaga é uma grande incógnita. Jarbas não é menino nem nasceu ontem na política para compreender que sua eleição, pelo histórico traçado acima, não depende exclusivamente dele. Quem elege senador é governador forte, vale repetir. Uma das raras exceções a contrariar esta tese foi Carlos Wilson, que impediu Arraes em 94 de eleger os dois senadores. Roberto Freire chegou lá, mas Armando Monteiro Filho perdeu para Wilson, o Cali, como era mais conhecido.
No campo da oposição, dois dos quatro ministros pernambucanos enxergam o horizonte de 2018 sonhando com o Senado: Mendonça Filho, da Educação, e Bruno Araújo, de Cidades. Perderam o costume de tomar o cafezinho das três da tarde no Palácio das Princesas, compartilhando o poder estadual. Nem sentem mais o cheiro torrado do café quente e o mais provável é serem abraçados pelo senador Armando Monteiro, se este vier mesmo a se transformar no nome capaz de construir em torno dele a chamada nova oposição.
Armando governador, Mendonça e Bruno senadores, eis uma chapa que parece competitiva. Resta saber o que Armando fará para se desvincular do PT, seu aliado nas duas últimas eleições - governador em 2014, que disputou e perdeu com João Paulo candidato a senador, e 2016, quando, mais uma vez, se vestiu de vermelho apostando novamente em João Paulo, desta vez derrotado por Geraldo Júlio.