Renata Coutinho
Folha-PE
Ideais fitness. Apelos que chegam a todos nós independentemente da idade, sexo e particularidades de saúde e nutrição de cada um. Que nos impulsiona sobre a necessidade, quase pressão, de ser “saudável” a qualquer custo. Que nos leva a começar uma dieta da moda ou o treino físico do momento. Copiar fórmulas alimentares e pegar pesado nos exercícios sem saber os limites do próprio corpo é um grande risco à saúde. Imprudência que pode ser gatilho de lesões, problemas metabólicos. Fora os riscos cardiovasculares silenciosos que matam milhares de brasileiros ano a ano, potencializados pela prática do exercício sem orientação.

A cardiologista destacou que as pessoas precisam estar conscientes da importância de exames antes de realizar atividades físicas. “Entrou na academia, principalmente acima de 30 anos, o indicado é fazer uma avaliação com o cardiologista. Toda atividade requer avaliação com ausculta, eletrocardiograma e teste de esforço, que é o ergométrico”.
Apesar das indicações da Sociedade Brasileira de Cardiologia a realidade é diferente no dia a dia de quem quer começar atividades. “Teoricamente, o correto é antes de iniciar exercício ir ao médico e fazer um check up. Na prática isso acaba não acontecendo, pois os alunos querem começar a treinar de imediato. Por isso, as academias adotam uma anamnese com perguntas onde é possível criar fatores de risco daquele aluno”, disse o educador físico Renato Gouveia.
Especialista em reabilitação cardíaca, Gouveia destacou que esse procedimento pode viabilizar o início do treino de forma leve ou moderada, mas o ideal é o educador cobrar do aluno a ida ao médico para exames específicos. Ele também alertou sobre o risco dos modismos. “Há três anos a moda era grupo de corrida, há 1 ano e meio era treinamento funcional, agora é crossfit. Daqui a pouco aparece outra atividade”. De acordo com ele, na corrida começaram a aparecer lesões de joelho e problemas cardiovasculares. No funcional se percebeu que não havia um benefício grande quanto um aeróbico com exercício muscular bem feito. E hoje no crossfit há um nível de lesão altíssimo.
Dietas
Outro risco a saúde está na falta de personalização de dietas, principalmente nas radicais combinadas a atividade física intensa. O chefe do serviço de Endocrinologia do Hospital das Clínicas e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Lúcio Vilar reforçou que a dieta tem que ser balanceada e se adequar as necessidades de cada pessoa segundo orientação profissional.

O nutrólogo Eduardo Magalhães comentou a única regra geral para uma boa dieta é evitar os alimentos industrializados. No mais, o cardápio ideal para cada um de nós deve levar em consideração nuances particulares como taxas de macro e micronutrientes e doenças associadas que as pessoas podem ter. “Não há um modelo que serve para todo mundo. Na maioria das vezes se você seguir o que uma colega fez, uma famosa fez, exatamente ao pé da letra, a probabilidade de dar certo é muito pequena. Isso porque existe uma diferença metabólica gigante”, explicou.
Magalhães destacou que as dietas sem ingestão de carboidrato não são ideais. Para ele, a saída é cortar carboidratos ruins e inserir os mais naturais de maneira equilibrada. Para aqueles que apostam por muito tempo numa alimentação de alto valor de proteínas e sem carboidrato, ele aponta que a prática costuma acidificar o organismo, trazendo possíveis prejuízos futuros. “Isso faz com que seu corpo acabe eliminando mais potássio, o que ajudar a desenvolver uma arritmia, por exemplo. Pode ainda aumentar o ácido úrico”.