Alice Caymmi cancelou “Rainha dos Raios”, mas quer vir em nova data. Mato Seco só em março do ano que vem. Gal Costa trouxe “Estratosférica” para Garanhuns. Xangai diz que é preciso se adaptar à realidadeFoto: ?Divulgação
Folha-PE
Remarcado para este sábado (1º), o show “Rainha dos Raios”, que Alice Caymmi apresentaria em formato voz e violão foi cancelado na última quarta-feira (28). Inicialmente, o espetáculo havia sido marcado para o dia 5 de setembro e chegou a ser adiado para 1º de outubro, sendo posteriormente cancelado por “motivo de força maior”, segundo a produção do evento.
Apesar da nota, as informações que correm nos bastidores é de que a apresentação não tinha vendido a quantidade de ingressos mínima para tornar o evento viável.

Até mesmo os grandes cânones da música têm sofrido as consequências da fase ruim da economia brasileira. Durante um de seus shows pelo Recife neste semana, o compositor Tom Zé comentou que voltaria a fazer mais shows pela Europa neste ano, por conta da falta de convites no Brasil. Na ocasião, o músico apontou o corte na verba do Sesc como um dos fatores que tem implicado a falta de iniciativas na área. Outro nome que foi atingido pelo impacto da crise foi a cantora Gal Costa, que apresentaria o espetáculo “Estratosférica” no Teatro Guararapes em 26 de março e teve a data adiada para 2 de junho, cancelada poucos dias antes do show que, até agora, não foi apresentado na Cidade (mas veio ao Festival de Inverno de Garanhuns, em julho).
“O desafio é levar público, tanto pela crise atual, mas pela questão de que muitos eventos gratuitos provocam uma acomodação do público de esperar pelos festivais públicos. A alternativa é de fazer promoção, baratear os preços. Todo mundo ganha menos por conta da conjuntura. A tendência é fazer shows menores e maior quantidade, ao invés de um show grande”, explicou Wagner Staden, da Mamahuê Produções.
Sensível às dificuldades dos realizadores, o músico Xangai, que esteve no Recife no último 10 de setembro para apresentação no formato voz e violão ao lado de Maciel Melo, no Teatro Boa Vista, comentou que o artista também precisa se adaptar à realidade. “Eu adoraria cantar sempre com uma Orquestra Filarmônica de Berlim, uma Orquestra de Frevo, mas a gente não pode contar sempre com essas benesses. Posso garantir eu mesmo e isso facilita para os produtores nos contratar. Com a banda é mais caro e quem garante que as casas vão lotar e dar retorno? Nem todas as empresas se dispõem a contratar música de qualidade. Quem faz música paras as massas não leva a nada. São músicas que deseducam e alienam as pessoas”, disse o compositor.