Recife é palco de ato contra o governo Temer

Antônio Assis
0
Luis Francisco Prates - Diario de Pernambuco

Nesta sexta-feira, 37 cidades do Brasil tiveram atos contra o governo interino de Michel Temer. No Recife,os manifestantes se concentraram na Praça do Derby às 15h. A passeata foi organizada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e teve início por volta das 17h30.

No protesto, as camisas vermelhas, cor de referência ao Partido dos Trabalhadores, partido de Dilma Rousseff, eram compartilhadas com bandeiras do Brasil. Também eram expostos estandartes em homenagens a vítimas da ditadura militar. Palavras de ordem como "Fora Temer", "Volta, Dilma", "Volta, querida" e "Criar, criar governo popular" foram proferidas.

A caminhada seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista e foi até à Praça da Independência, onde chegou às 20h, aproximadamente. No percurso, existiram conflitos entre manifestantes pró-Dilma e pessoas que apareceram na manifestação posicionando-se contra a presidente afastada e o PT.

Greve geral
O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE), Carlos Veras, estimou a quantidade de manifestantes em 30 mil pessoas e adiantou que já se planeja uma greve geral. A PM não confirmou o número de manifestantes. 

"Esse governo quer livrar corruptos, atacar os direitos trabalhistas e os direitos das minorias. Os trabalhadores estão tomando consciência disso e estão articulando uma paralisação. A gente só vai parar quando reverter todo esse processo de ataque aos trabalhadores", explicou Veras.

Na caminhada
A deputada estadual Teresa Leitão (PT) focou na ausência de mulheres nos ministérios do governo interino, definindo a gestão de Michel Temer como machista, misógina e conservadora. A petista também atestou sua pré-candidatura à prefeitura de Olinda, bem como a de João Paulo no Recife.

Em cima do trio elétrico que guiou a manifestação, Teresa alfinetou o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, chamando-o de "inimigo da Educação". Já o presidente do PT de Pernambuco, Bruno Ribeiro, afirmou que "o dia de hoje nos faz refletir sobre as vitórias que foram acumuladas contra esse golpe". "Em menos de um mês, o governo golpista está apodrecendo", sublinhou.

Ribeiro também mencionou a prisão do agente da Polícia Federal, Newton Ishii: "Ficou claro que ele é um contrabandista". "Mas o maior contrabandista de todos é Michel Temer. Só vamos ter democracia quando tirarmos esse Temer e colocarmos de volta quem elegemos", enfatizou.

O deputado estadual Edilson Silva (PSOL), por sua vez, disse aos manifestantes que "a sociedade brasileira tem enxergado com clareza que esse processo é um golpe".

Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa, acredita que é bastante possível que o processo de impeachment seja revertido no julgamento final. "Tem muita gente que votou a favor do impeachment e agora está arrependido", comentou. Ele ainda disse, em sua fala, que Dilma Rousseff virá ao Recife na próxima sexta-feira. A agenda ainda não foi confirmada oficialmente. 

"Contra o golpe"

A principal reivindicação da manifestação foi o retorno de Dilma Rousseff à presidência da República. Mas também existiam outros apelos. "Somos contra o golpe. Também estamos pelo direito à saúde e à educação. O desgoverno de Temer é um retrocesso em todos os sentidos", afirmou Rosana Pontes, 47 anos.

Ela compareceu à manifestação com seu marido, Artur Melo, 55. "Temer no poder é uma falta de respeito à cidadania. Este governo não tem representatividade, tanto é que toma decisões e depois acaba cedendo a pressões", disse.

"Esse governo de agora não é popular. É formado por uma elite pequena", disse Carlos Vinícius, 30. "Nossa função também é buscar apoio do poder judiciário, das instituições. Precisamos do fim do financiamento privado de campanha eleitoral", pontuou. Ele vê uma eventual nova eleição com bons olhos: "Podem aumentar o exercício de reflexão da população e trazer um Congresso mais progressista".

Já a estudante Ana Beatriz, 14, diz que os políticos não atendem aos interesses do povo. "Falam que vão melhorar o Brasil, mas são todos corruptos", afirma.

Novas eleições
Em entrevista à TV Brasil nesta quinta-feira, a presidente afastada Dilma Rousseff defendeu uma consulta popular caso o Senado não decida pelo seu impeachment.

Ou seja, para a petista, a população deve dizer se quer ou não novas eleições. Os movimentos sociais prontamente se posicionaram contra essa ideia. Já a cúpula do PT tem se mostrado mais aberta à sugestão de Dilma.

"Primeiro vamos lutar para colocar Dilma de volta ao poder, fazer valer os 54 milhões de votos conquistados nas urnas. Estamos dispostos a conversar com Dilma sobre essa ideia de novas eleições", disse o presidente do PT em Pernambuco, Bruno Ribeiro.

Por sua vez, a deputada federal Luciana (PCdoB) acredita que um eventual plebiscito seria viável para contornar a crise política do Brasil. "Temos que levar em conta o conjunto da situação. Apesar de um legado político positivo, a gente foi derrotado por causa de uma crise econômica. A presidente foi afastada. É preciso um novo pacto. E o pacto tem que ser com o povo. O PCdoB levantou essa ideia como uma saída política para a crise política. Precisa de maioria simples para passar. E o povo vai dizer se quer ou não", comenta.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)