Nestor Cerveró será liberado no próximo dia 24

Antônio Assis
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Folha-PE

O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, será liberado no próximo dia 24 de junho, após 18 meses de prisão, e terá que devolver aos cofres públicos cerca de R$ 18 milhões, pela sua participação no esquema de corrupção da Petrobras. Para chegar a este desfecho, usou o instrumento da delação premiada, adotada pelos investigadores para recolher informações sobre os crimes praticados na estatal. Divulgado ontem, o depoimento de Cerveró não poupou personalidades como a presidente afastada Dilma Rousseff, o senador e ex-presidente Fernando Collor, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Em um dos trechos da delação, o ex-diretor afirmou que a presidência da Petrobras, durante o governo de FHC, lhe orientou que fechasse contrato com uma empresa ligada ao filho do tucano, Paulo Henrique Cardoso. Segundo ele, o caso ocorreu entre os anos de 1999 e 2000. Cerveró contou que foi procurado pelo lobista Fernando Soares, o Baiano, que representava a empresa espanhola Union Fenosa, interessada em se associar à Petrobras na termoelétrica do Rio de Janeiro (Termorio). Mas o ex-diretor da estatal não cita se houve envolvimento direto de FHC no negócio.

Nestor Cerveró também acusou Dilma de ter mentido sobre a compra da refinaria de Pasadena e disse supor que a petista sabia que políticos do PT recebiam propina da estatal. Na sua visão, “não corresponde à realidade” a afirmação da petista de que aprovou a compra da refinaria, adquirida pela Petrobras em 2006, porque não tinha informações completas. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Cerveró disse que “houve certa pressa” na aprovação do projeto pelo conselho.

Ainda ontem, outra delação envolveu Dilma. O empresário Benedito Oliveira Neto disse que dinheiro desviado do Palácio do Planalto foi usado para pagar dívidas de campanha da presidente afastada, de acordo com a revista “Época”. Segundo Bené, a operação teria sido feita entre 2014 e 2015 para pagar um débito com a agência Pepper, que atuou na campanha presidencial em 2010.
Da mesma forma, Cerveró acusou Collor de receber entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões da UTC para que a empresa construísse as bases de distribuição de combustíveis da BR Distribuidora, subsidiária da estatal. O ex-diretor indicou que a empreiteira foi responsável pela construção de pelo menos duas bases de distribuição da subsidiária: a de Porto Nacional, em Tocantins, e de Cruzeiro do Sul, no Acre.

Por fim, o delator ressaltou que, em 2012, o senador Renan Calheiros (PMDB) o chamou em seu gabinete no Senado para reclamar da ‘falta de propina’. Na ocasião, o presidente da casa era José Sarney (PMDB).

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