Ricardo Melo e família, além de duas cunhadas, moram na parte de cima da barreira que caiu em Águas Compridas.
Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
JC Online
A trégua da chuva, na terça-feira, não significou alívio para quem vive nas encostas de morros em Águas Compridas, localizado em Olinda, no Grande Recife. Foi lá que duas mulheres e um garoto morreram soterrados, segunda-feira passada, vítimas de um deslizamento de barreira. Em vários pontos do bairro famílias se queixaram da falta da prefeitura.

“Disseram que os imóveis estavam condenados e o solo, encharcado. Que deveríamos sair imediatamente. Prometeram que uma equipe viria hoje (ontem) logo cedo, de manhã, para ajudar. Até agora nada”, relatou Ricardo, ao meio-dia. Até 17h30 nenhuma pessoa da gestão municipal havia ido novamente no local. “Gostaríamos de saber se teremos direito a auxílio-moradia, se a prefeitura poderia fazer a mudança, se há alguma ajuda prevista. Infelizmente não tivemos respostas”, lamentou Ricardo.
A dona de casa Ana Lúcia Santos, 51, vizinha das duas residências destruídas, deixou o imóvel na noite de segunda-feira. Está temporariamente com a filha, Taís Nascimento, 24, na casa de uma irmã em Água Fria, Zona Norte do Recife. Ontem de manhã, conforme Taís, a prefeitura tinha prometido disponibilizar um caminhão para fazer a mudança delas. “Esperei a manhã toda e o carro não chegou”, contou Taís, no fim da tarde.
O cozinheiro Jailson Bernardo da Silva, 49, mora no Córrego do Capim, também em Águas Compridas. Espera ansiosamente a visita de uma equipe da Defesa Civil. “É grande o risco da barreira que fica em cima da minha casa desabar novamente. Na chuva de segunda-feira caiu um pedaço e atingiu parte da residência. Estou com medo. Hoje (ontem) vim pessoalmente pedir que algum técnico visitasse lá e nada de atenderem”, reclamou Jailson.
A mesma queixa tem Josivan Santos, 36. “Uma barreira caiu e atingiu três casas no mesmo dia que as três pessoas morreram. Perdi tudo. São sete adultos e seis crianças sem ter para onde ir. Liguei para Defesa Civil, precisamos de ajuda. Queremos orientação”, disse Josivan.
A secretária de Obras de Olinda, Hilda Gomes, garante que a prefeitura está trabalhando em Águas Compridas e em outros pontos da cidade que necessitam de intervenção por causa da chuva. Ontem de manhã, diz, havia duas máquinas tirando o barro e entulhos que ainda restavam na Ladeira do Giz, local do desabamento. “Também colocamos 10 homens da Defesa Civil para instalar lonas. Houve o cadastro de moradores e interdição de casas que ficam ao redor do local onde aconteceu a queda da barreira. Amanhã (hoje) vamos cortar árvores”, informou Hilda.
Ela disse que o município vai investir R$ 44 milhões, com verba federal, para obras estruturadoras. E que tentará captar mais R$ 50 milhões para realizar outras obras em 45 pontos de risco (a Ladeira da Giz incluída nessa lista).