Moradores de Olinda reclamam da gestão municipal

Antônio Assis
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Ricardo Melo e família, além de duas cunhadas, moram na parte de cima da barreira que caiu em Águas Compridas.
Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem

JC Online

A trégua da chuva, na terça-feira, não significou alívio para quem vive nas encostas de morros em Águas Compridas, localizado em Olinda, no Grande Recife. Foi lá que duas mulheres e um garoto morreram soterrados, segunda-feira passada, vítimas de um deslizamento de barreira. Em vários pontos do bairro famílias se queixaram da falta da prefeitura.

Acima da barreira que caiu moram cinco adultos, três adolescentes (15, 13 e 12 anos), três crianças (5, 9, 1) e um bebê (9 meses). São três irmãs e suas respectivas famílias, distribuídas em três imóveis, um vizinho do outro. Segundo um dos moradores, o motoboy Ricardo Melo, 34 anos, somente nove horas após o acidente (por volta das 15h) houve a vistoria de uma pessoa da prefeitura para averiguar a situação das casas.

“Disseram que os imóveis estavam condenados e o solo, encharcado. Que deveríamos sair imediatamente. Prometeram que uma equipe viria hoje (ontem) logo cedo, de manhã, para ajudar. Até agora nada”, relatou Ricardo, ao meio-dia. Até 17h30 nenhuma pessoa da gestão municipal havia ido novamente no local. “Gostaríamos de saber se teremos direito a auxílio-moradia, se a prefeitura poderia fazer a mudança, se há alguma ajuda prevista. Infelizmente não tivemos respostas”, lamentou Ricardo.

A dona de casa Ana Lúcia Santos, 51, vizinha das duas residências destruídas, deixou o imóvel na noite de segunda-feira. Está temporariamente com a filha, Taís Nascimento, 24, na casa de uma irmã em Água Fria, Zona Norte do Recife. Ontem de manhã, conforme Taís, a prefeitura tinha prometido disponibilizar um caminhão para fazer a mudança delas. “Esperei a manhã toda e o carro não chegou”, contou Taís, no fim da tarde.

O cozinheiro Jailson Bernardo da Silva, 49, mora no Córrego do Capim, também em Águas Compridas. Espera ansiosamente a visita de uma equipe da Defesa Civil. “É grande o risco da barreira que fica em cima da minha casa desabar novamente. Na chuva de segunda-feira caiu um pedaço e atingiu parte da residência. Estou com medo. Hoje (ontem) vim pessoalmente pedir que algum técnico visitasse lá e nada de atenderem”, reclamou Jailson.

A mesma queixa tem Josivan Santos, 36. “Uma barreira caiu e atingiu três casas no mesmo dia que as três pessoas morreram. Perdi tudo. São sete adultos e seis crianças sem ter para onde ir. Liguei para Defesa Civil, precisamos de ajuda. Queremos orientação”, disse Josivan.

A secretária de Obras de Olinda, Hilda Gomes, garante que a prefeitura está trabalhando em Águas Compridas e em outros pontos da cidade que necessitam de intervenção por causa da chuva. Ontem de manhã, diz, havia duas máquinas tirando o barro e entulhos que ainda restavam na Ladeira do Giz, local do desabamento. “Também colocamos 10 homens da Defesa Civil para instalar lonas. Houve o cadastro de moradores e interdição de casas que ficam ao redor do local onde aconteceu a queda da barreira. Amanhã (hoje) vamos cortar árvores”, informou Hilda. 

Ela disse que o município vai investir R$ 44 milhões, com verba federal, para obras estruturadoras. E que tentará captar mais R$ 50 milhões para realizar outras obras em 45 pontos de risco (a Ladeira da Giz incluída nessa lista).

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